Não pagar dívida externa

A radicalização das lutas e a greve geral

Eleições 2002

Lula presidente, com vice do MST e Programa Anticapitalista

Parar Imediatamente o Pagamento da Dívida Externa

A economia do nosso país, ao contrario do que dizia o governo está desabando. O quadro externo – desaceleração da economia norte-americana, a crise Argentina – e a crise energética já derrubaram as expectativas de crescimento econômico para este ano para algo em torno de, no máximo, 1%. Estes números têm conseqüências concretas para a vida da classe trabalhadora: são as demissões, às milhares, todos os dias, é o desespero e o medo de perder o emprego que volta a massacrar diariamente mesmo aqueles que ainda o conservam.

O imperialismo buscando sair de sua própria crise pressiona, e o governo FHC cede: aumenta os juros para melhor remunerar o capital especulativo, reduz mais ainda os investimentos no serviço público e nas políticas sociais, mais privatizações, etc. Ou seja, mais fome e mais miséria para todo o povo. É com esta receita que FHC produziu os mais de 50 milhões de brasileiros que vivem na indigência. Este é o significado do acordo assinado com o FMI em agosto.

Isso, por outro lado, alimenta o crescimento do descontentamento dos trabalhadores e da juventude contra este estado de coisas. E, se por um lado as demissões podem dificultar as lutas salariais, elas aumentam a revolta contra o governo e suas políticas econômicas, abrindo espaço para a politização e a radicalização das lutas. Manifestações como a de Brasília em 27 de junho são expressão desse potencial.

Toda essa situação nos permite – e exige – associar cada vez mais nossas lutas específicas (as campanhas salariais, a resistência contra as demissões que acorrem em cada categoria, etc) com a luta política mais geral contra o governo e contra os planos do FMI. Neste sentido o papel da nossa Central é decisivo.

A Radicalização das Lutas e a Greve Geral

O quadro político que vivemos aponta claramente para o mesmo caminho que trilha hoje a Argentina. A revolta do povo do nosso país tem que ser organizada e canalizada para um processo de lutas que possa por um fim imediato ao governo. Essa tarefa precisa ser abraçada pela CUT e demais movimentos sociais do nosso país. Não podemos simplesmente ficar esperando as eleições de 2002. É buscar, via a luta de massas, abreviar o sofrimento do povo e parar a destruição do país. Neste sentido, a discussão sobre a preparação de uma grande Greve Geral, com manifestações de rua, que coloque a contestação ao governo e ao seu modelo em um patamar superior ao atual é tarefa urgente e necessária.

Eleições 2002: Por Uma Alternativa dos Trabalhadores Contra a Burguesia

A candidatura e o programa que os partidos do campo da classe trabalhadora devem apresentar nas eleições do ano que vem deve refletir as lutas e mobilizações que estão nas ruas contestando FHC e seu modelo econômico. Devem estar a serviço de fortalecer essas lutas e a organização dos trabalhadores, rumo à constituição de um Governo de Trabalhadores que aplique em nosso país um programa anticapitalista, que garanta emprego, salário e terra. Não queremos repetir o triste exemplo do De la Rua na Argentina, que se elegeu em oposição ao neoliberalismo e só fez aprofundar a aplicação do modelo neoliberal em seu país.

Por essa razão não concordamos com a proposta que vem sendo defendida pela direção do PT de buscar alianças com setores da burguesia. Nem consideramos correta a proposta de programa para o país apresentada pelo Instituto Cidadania, dirigido pelo Lula.

As transformações que precisamos fazer em nosso país são contra os empresários, como poderemos fazê-las em aliança com eles? Ao contrário de fortalecer nossas lutas, esses “aliados” vão é forçar um maior rebaixamento do nosso programa, o abandono de nossas reivindicações, colocando nossa classe a reboque do projeto deles, que não é outro senão seguir a exploração sobre os trabalhadores.

O programa apresentado pelo Instituto Cidadania se propõe a continuar pagando a dívida externa, a “não romper contratos”, a manter metas de inflação e de equilíbrio fiscal nos patamares atuais, etc, etc. Não sai dos marcos do capitalismo e, pior, assimila premissas neoliberais, apontando claramente para a repetição de De la Rua na Argentina, pois a grande preocupação é sinalizar aos poderosos detentores do capital que não vai haver nenhuma grande mudança na situação atual.

Ora, precisamos de um programa que defenda a “ruptura de contratos” sim, com o FMI, e parar de pagar a dívida externa e interna aos grandes agiotas, preservando a poupança do povo e dos pequenos investidores; que rompa com as negociações da ALCA; que defenda a reestatização sob controle dos trabalhadores das empresas privatizadas, sem indenização aos seus atuais “proprietários”; a reforma agrária sob controle dos trabalhadores sem terra, e sem indenização ao latifúndio; a estatização sob controle dos trabalhadores de todo o sistema financeiro, que reduza a jornada de trabalho para 35 horas semanais sem redução de salários; que defenda a realização de investimentos pesados na saúde, educação, moradia, na infra-estrutura, etc. Que aponte para a construção de uma nova sociedade, socialista, onde não haja mais exploração nem opressão.

Senão, na hipótese de se ganhar as eleições, o que vai acontecer?

Vai repetir-se governos como o de Marta Suplicy em São Paulo, que arrocha o funcionalismo e investe pouco em políticas sociais para pagar a dívida com o governo federal?

Que aumenta o preço das passagens de ônibus prejudicando os trabalhadores, mas garantindo o lucro das empresas de transporte.

Como o do Zeca do PT, que promove aliança com o PFL para garantir “governabilidade”?

Lula Presidente, com Vice do MST e Programa Anticapitalista

Em nossa opinião a candidatura para sustentar esse programa, e para unir toda a classe trabalhadora deve ser a candidatura do PT, de Lula, com um vice do MST, simbolizando a unidade dos trabalhadores do campo e da cidade, na luta por um Governo dos Trabalhadores. Propomos que a CUT, junto ao Fórum Nacional de Lutas, convoque um congresso, uma plenária nacional, reunindo todas as organizações e movimentos sociais do nosso país, para discutir e formular uma proposta de programa e de arco de alianças para esta Frente dos Trabalhadores para as próximas eleições.

É a Luta do Povo que Muda a Vida do Povo

É fundamental também resgatar essa idéia, tão fora de moda ultimamente. Qualquer mudança importante na estrutura econômica do país, que seja a favor do povo só vira se estiver apoiada na luta do povo e não desse Congresso Nacional ou mesmo da eleição de um Presidente da República.

A campanha eleitoral dessa Frente de Trabalhadores tem que estar a serviço de ensinar e de praticar essa lição, sendo um instrumento para a conscientização, para a organização e para impulsionar a luta dos trabalhadores e da juventude. Da mesma forma que os mandatos conquistados, legislativos e executivos, deverão em primeiro lugar ser instrumentos para buscar atingir estes mesmos objetivos.