Até poucos meses atrás, o governo FHC tentava vender à população a idéia de que estaria superada a situação aberta com a crise cambial de janeiro de 1999 e que, agora, o país voltaria a crescer com a recuperação da economia, do emprego… e outras mentiras mais. No entanto, o quadro que temos pela frente é o oposto.
No cenário externo o que vemos é o aprofundamento da instabilidade e da crise da economia, que tem como principal expressão a desaceleração da economia norte-americana. Pior ainda se consideramos a situação de estagnação da economia japonesa e a desaceleração econômica na Europa, particularmente na Alemanha. O anuncio generalizado de demissões nos setores de ponta da economia e da redução das expectativas de lucro – dos grandes conglomerados que dominam a economia capitalista em todo o mundo – é a expressão e o reconhecimento da gravidade da crise.
A ALCA – Uma Tentativa de Recolonizar a América Latina
Frente à crise, para tentar recuperar sua margem de lucros, os grandes grupos econômicos buscam aumentar ainda mais a exploração sobre os trabalhadores e o saque que já praticam contra as riquezas dos países do chamado terceiro mundo. Para isso utilizam seus governos imperialistas (Bush, Tony Blair, Jospin e seus colegas do G7), e de todos os instrumentos de que dispõem, tais como o FMI, o Bird, a OMC. Também se apóiam nos governos capachos de nossos países, como Brasil, Argentina … , que se vergam a todas as exigências do capital financeiro internacional.
Não bastasse isso, o governo dos EUA empenha-se na implantação da ALCA (Área de Livre Comércio das Américas), que significaria a liquidação quase que completa da soberania nacional de nossos países e um salto na exploração dos povos da América Latina por parte das grandes multinacionais. A ALCA pressupõe a livre entrada das mercadorias das multinacionais em todos os nossos países, o aprofundamento das privatizações, da desnacionalização das economias, um monitoramento quase que direto, por parte do capital financeiro internacional, na definição da política econômica dos países latino-americanos, destruição dos serviços públicos e dos direitos dos trabalhadores para reduzir os custos das empresas aqui instaladas e para aumentar o repasse de recursos dos nossos países para os bancos internacionais através do pagamento das dívidas externa e interna, etc, etc, etc. Transformaria nossos países em verdadeiras colônias do imperialismo norte-americano
O fato de que a ALCA significaria a implantação dessa política pró multinacionais num grau muito mais profundo que o Mercosul, não torna este benéfico aos trabalhadores. A natureza destes tratados é a mesma. Que o digam os trabalhadores paraguaios, uruguaios, argentinos e mesmo brasileiros, que sofrem já as conseqüências da implantação do Mercosul.
Cresce a Resistência dos Trabalhadores e as Lutas Antiglobalização
As conseqüências da rapinagem imperialista têm sido a destruição da economia dos países do terceiro mundo e uma degradação sem precedentes na vida das massas trabalhadoras. A Argentina é a mais clara expressão desse quadro.
Mas também da Argentina nos vem outro exemplo fundamental: o das lutas, da resistência dos trabalhadores que já não suportam mais essa situação e lutam para se libertar do FMI, da dívida externa, das multinacionais, dos governos capachos, etc.
As greves gerais, os cortes de ruta pelo movimento dos piqueteiros, as manifestações massivas contra o FMI, são – neste momento – a principal expressão em nosso subcontinente da resistência dos trabalhadores contra os planos econômicos do imperialismo que estão destruindo os países da região.
Por outro lado, crescem também as manifestações anti-globalização que nasceram na esteira da manifestação de Seatle, nos Estados Unidos. As manifestações de Gênova foram o ponto alto destes protestos até agora, acuando os governos mais poderosos do planeta, levando-os a planejarem suas próximas reuniões em locais inacessíveis para as pessoas comuns. Sua repercussão expressam o desgaste político de um modelo econômico, político e social que se apresentava com toda a arrogância como solução dos problemas da humanidade.
O Fórum Social Mundial é uma expressão contraditória deste processo. Surge na esteira dessas manifestações antiglobalização e se torna um importante pólo de aglutinação de todos que querem, de alguma forma, lutar contra a globalização e suas conseqüências. Isso possibilita debates importantes e a construção de ações unificadas e coordenadas mundialmente.
No entanto atua para buscar reduzir a radicalidade deste movimento antiglobalização. Todos sabem a crise que houve na organização do primeiro Fórum em Porto Alegre, em que os organizadores vetaram manifestação mais radicalizada pretendida pelo MST e pela juventude. E, por outro lado, tenta dar à esse movimento, essas manifestações, um conteúdo de luta pela cidadania, por uma capitalismo de rosto humano, retirando-lhes qualquer caráter de classe, de luta contra o capitalismo, de luta pelo socialismo.
Contra a Globalização Capitalista – Globalizar as Lutas!
Este é o desafio: unir as lutas das massas trabalhadores às lutas da juventude, às manifestações antiglobalização, num grande movimento de massas contra o FMI, contra a ALCA, contra a Dívida Externa e contra a exploração capitalista.
Neste sentido, propomos que a CUT, com os demais movimentos sociais do nosso país, se empenhe junto às organizações sindicais e populares dos demais países da América Latina, para construir uma grande jornada de lutas contra o FMI, a ALCA e a Contra o Pagamento da Dívida Externa. Com manifestações simultâneas em todos os países, paralisações, e dando curso aos preparativos para a realização de um grande plebiscito contra a ALCA, aprovado no Canadá.
A CUT deve rejeitar estes processos de integração econômica e comercial em curso (tanto a ALCA, como o Mercosul e a União Européia), e apresentar aos trabalhadores e à juventude da América Latina e das outras regiões uma outra visão de integração entre os povos, baseada na destruição do capitalismo e na construção do socialismo, única forma de superar a barbárie capitalista.
A CUT deve potencializar sua participação na segunda edição do Fórum Social Mundial. Deve lutar em defesa de um programa de classe, anticapitalista, para as lutas destes movimentos antiglobalização, e ao mesmo tempo buscar a construção de um calendário comum de manifestações, cada vez mais massivas e mais radicalizadas. Por outro lado, como uma das entidades coordenadoras do evento, a CUT deve defender um funcionamento democrático do Fórum, de maneira a que, pelo menos possam se expressar as diversas correntes de opinião existentes
Fora FHC e o FMI, Já! Romper Já Com as Negociações da ALCA!