Redação

A bomba que mudou o mundo”. Essa foi a manchete do jornal Daily Mirror de 7 de agosto de 1945, onde se anunciava o bombardeio feito pelos americanos no fim da II Grande Guerra. Saindo de uma base americana no Havaí, o Enola Gay, bombardeiro americano que carregava uma bomba atômica de urânio com 4 toneladas de peso e o equivalente a 13 mil toneladas de dinamite. Na manhã de 6 de agosto, a bomba foi lançada nos céus da cidade japonesa, matando instantaneamente 70 mil pessoas e levando outras centenas de milhares de pessoas à morte por doenças e envenenamento.

Em agosto de 1945, a guerra já havia terminado na Europa. Hitler já havia se suicidado e os nazistas, derrotados. Estados Unidos e União Soviética dividiam a influência política e militar no território europeu, o que logo desencadearia a chamada “guerra fria”, marcada pela corrida armamentista e pelo desenvolvimento de armamento atômico. Quem viveu essa época, isso até os anos 1980, viveu o que se chama “o medo da bomba”: o medo do fim do mundo. Isso porque desde o fim da guerra, EUA e URSS acumularam bombas suficientes para destruir o mundo não apenas uma, mas muitas vezes.

Porém, na Ásia, a guerra prosseguia. O Japão, que junto com a Alemanha e a Itália, formava o chamado “Eixo”, havia declarado guerra aos EUA, bombardeado a base americana de Pearl Harbour e conquistado vários territórios na costa da Ásia. China, Coréia e Cingapura estavam sob posse dos japoneses. Assim que a guerra se resolveu na Europa, os EUA voltaram sua atenção para o oriente.

Muitas batalhas ocorreram, tanto em terra como no mar. Foi quando surgiram os chamados “kamikazes”, aviadores que abarrotavam seus aeroplanos de bombas e os jogavam em cima dos navios americanos, levando vários ao fundo do mar. Mas, com o passar do tempo, a guerra ia virando a favor dos Estados Unidos. Foi quando o então presidente Harry Truman resolveu, ao mesmo tempo, dar o golpe de misericórdia e mostrar ao mundo o poderio militar norte-americano. Ele resolveu usar a bomba e cometer um dos maiores crime de guerra da história.

A pesquisa de armas atômicas vinha ocorrendo, ao mesmo tempo, nos EUA e na URSS. Os soviéticos, sob a ditadura de Stalin, vinham contrabandeando segredos de espionagem alemães, especialmente o desenvolvimento da tecnologia do átomo. Em especial, o uso de minerais radioativos, como o urânio. Já nos EUA, diversos cientistas europeus que haviam fugido do horror nazista estavam se dedicando ao mesmo estudo, formando o chamado Projeto Manhattan, isso desde 1940. Em julho de 1945, explode a primeira bomba, no deserto de Alamogordo, no Novo México.

Os EUA prepararam duas bombas: a Little Boy (menininho) e a Fat Man (homem gordo), esta feita com Plutônio, e ainda mais mortífera. A primeira foi lançada sobre Hiroshima, pelo bombardeiro “Enola Gay”, um B-29; a Fat Boy caiu sobre Nagasaki 3 dias depois, no dia 9 de agosto. Poucos dias se passaram e o Japão se rendeu incondicionalmente, arrasado não apenas por bombas, mas moral e militarmente. E, depois desse 6 de agosto, o mundo ficou diferente. Mais perigoso e mais feio.

As pesquisas sobre armamento atômico começaram no início do século XX, com as teorias desenvolvidas pelo físico Albert Einstein. Anos depois, mostrou arrependimento: “Eu cometi o maior erro da minha vida, quando assinei a carta ao Presidente Roosevelt recomendando que fossem construídas bombas atômicas”. E tinha razão. Não apenas por ter dado ao mundo uma chance de se autodestruir. Mas por ter feito isso sem levar em conta as razões disso.

A Guerra Fria não foi apenas uma disputa de poder entre superpotências. Foi a expressão de uma disputa econômica entre um conjunto de Estados Operários degenerados, comandados pela URSS, e pelo capitalismo imperialista dos EUA, este também em estado avançado de degeneração. Em nenhum dos lados, prevaleceu o interesse da humanidade, apenas de suas lideranças e dos setores sociais que os sustentavam.

É por isso que a luta pelo socialismo no mundo todo é tão importante. Porque ela significa a vitória da razão sobre a selvageria. Como se diz, o capitalismo não é para fazer sentido, é para fazer dinheiro. Em especial para a indústria de armas. E o mundo precisa voltar a fazer sentido, ou se destrói. Lentamente, pela destruição do meio-ambiente. Ou de uma vez só, apertando o botão que lança os mísseis atômicos.

Manaus 15 04 2020 O Amazonas contabiliza mais de 1,4 mil casos confirmados de Covid-19 e 90 mortes no período de 1 mês. A pandemia foi registrada pela primeira vez no estado, em 13 de março Enterro de dona Esther Melo da Silva no cemitério Parque Tarumã, em Manaus( Foto: Amazônia Real)

O aniversário do morticínio provocado pelo imperialismo norte-americano no Japão ocorre, agora, em meio à pandemia da COVID-19, que já ceifou a vida de mais de 700 mil pessoas no mundo inteiro, algo como 10 Hiroshimas. Só no Brasil, nos aproximamos das 100 mil mortes: uma bomba nuclear e meia lançada pelo governo genocida de Bolsonaro contra a população.

Assim como a bomba atômica, a maior parte das mortes causada pela pandemia não é resultado de um desastre natural, mas da ação dos governos e desse sistema que coloca o lucro acima de tudo.