O brutal assassinato do menino João Roberto, de apenas três anos, por policiais militares que metralharam o carro em que estava com a mãe e o irmão, no dia 6, comoveu toda a população. Mas também colocou em xeque a política de segurança pública de extermínio adotada pelo governo de Sérgio Cabral (PMDB). Ao contrário do que diz o governo – teria sido uma ação “desastrada” de policiais “sem preparo” -, a morte de João Roberto evidenciou uma máxima da chamada nova política de segurança: primeiro atira, depois pergunta.

Essa nova política adotada por Sérgio Cabral, com a colaboração do governo Lula, através do PAC da Segurança, já provocou a morte de centenas de pessoas no Rio. A maioria são jovens e crianças negras das comunidades carentes, conforme comprovam os relatórios da Anistia Internacional e da própria ONU.

Mas a vontade assassina das tropas e forças militares já não poupa nem os filhos da classe média, que também são vitimados pela violência policial, como Daniel Duque, morto por um PM na saída de uma casa noturna em Ipanema.

Há um ano, a maioria da sociedade, embalada pelo filme “Tropa de Elite”, fez vista grossa à chacina ocorrida no Complexo do Alemão, mais conhecida como “Chacina do Pan”. Cerca de 50 pessoas foram covardemente assassinadas pelas forças policiais que ocupavam a favela.

Da mesma forma, pouco se fala da ocupação militar e das violações aos direitos humanos no Haiti pelo exército. De lá para cá, a política de extermínio ganhou requintes de crueldade, como no episódio ocorrido no Morro da Providência, em que três jovens foram mortos após militares do exército os entregarem para traficantes de morro vizinho e rival. Os militares ocupavam a comunidade para as obras eleitoreiras do candidato Marcelo Crivela, apoiado por Lula. A população da comunidade se mobilizou e exigiu a retirada das tropas.

Neste momento em que tomba mais uma vítima da violência policial, devemos seguir o exemplo dado pelas mães da comunidade da Providência. Com sua organização e mobilização, elas conseguiram dar um basta à ocupação do exército. Assim, saudamos a carreata realizada pelos taxistas, colegas do pai de João Roberto, em solidariedade à família e em protesto à violência.

Da mesma forma, devemos ir à ruas para exigir dos governos Cabral e Lula o fim da violência policial, da ocupação das comunidades, do Caveirão e o fim dessa polícia assassina e corrupta. Também devemos exigir a retirada das tropas brasileiras do Haiti.

Não podemos ter ilusões nas promessas demagógicas dos políticos burgueses. Principalmente em ano eleitoral, quando vestem pele de cordeiro para logo após atacarem os trabalhadores. Sabemos que o modelo neoliberal, concentrador de renda, impõe cada vez mais a repressão e a criminalização da pobreza e dos movimentos sociais.

Somente através da organização e mobilização dos trabalhadores e da juventude poderemos conquistar melhores empregos, salários e aposentadoria. Basta de repressão ao povo pobre. Para resolver o problema da criminalidade é preciso encarar a questão social da miséria.