Os operários na Volkswagen de São Bernardo do Campo (SP), em assembleia no dia 9 de novembro, e os de Taubaté (SP), em assembleia no dia 10, rejeitaram com vaias a proposta rebaixada costurada pelos sindicatos, filiados à CUT, e a empresa. A proposta previa uma meta inatingível de produção para esse ano: 315 mil carros por planta. Além disso, os operários teriam de trabalhar mais aos sábados até junho de 2010. O valor da PLR poderia chegar a R$ 8.300.

Em São Bernardo, no ABC paulista, era 15h15 quando “Frangão”, coordenador do Comitê Sindical de Empresa (CSE), em acordo com as empresas, pegou o microfone para iniciar a assembleia. O CSE é a nova estrutura Sindical do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Uma chuva de vaias dos 8 mil operários que estavam no pátio da montadora começou.

Depois de cinco minutos, como as vaias não paravam, o membro da Artsindical, corrente petista que dirige o sindicato, anunciou que não colocaria a proposta em votação e que ela já estava derrotada no chão de fábrica. Ele disse que apenas queria colocar em votação um encaminhamento sobre nova rodada de negociações com as empresas. Assim, novamente, no chão da fábrica, os operários atropelaram a CUT como fizeram na campanha salarial.

Taubaté
Já em Taubaté, no Vale do Paraíba, os operários discutiam rejeitar a proposta, principalmente por causa dos sábados adicionais em 2010. Eles entenderam que era uma armação da empresa e de seu parceiro SindiVolks para chantagear os trabalhadores.

Os operários vêm trabalhando num ritmo insano após a redução da mão-de-obra. Desde 2007, trabalham praticamente todos os sábados, muitas vezes dobrando o turno e trabalhando aos domingos. O SindiVolks ainda fala em campanha pela redução da jornada!

Quando os metalúrgicos souberam do que tinha ocorrido na assembleia de São Bernardo, ficou mais evidente que era necessário derrotar a proposta. Às 6h, os trabalhadores no terceiro turno rejeitaram com cerca de 90% dos votos. Às 15h, foi a vez dos trabalhadores do primeiro e segundo turnos e de os mensalistas rejeitarem, também com 90% de rejeição.

A Oposição Conlutas de Taubaté e o Ferramenta de Luta do ABC, também ligado À Conlutas, defendem que as votações da PLR e dos sábados sejam feitas em assembleias diferentes. Também reivindicam que a PLR seja de, no mínimo, R$ 10 mil, calculada com base no aumento do ritmo e da produtividade e do crescimento da empresa.

Covardia e bandidismo sindical
Novamente a CUT mostra a serviço de quem está: das montadoras. Membros da Conlutas distribuíam o jornal Ferramenta de Luta em Taubaté quando foram agredidos por membros do sindicato dos metalúrgicos e por um grupo de homens encapuzados.

Os diretores do sindicato não estavam encapuzados e foram facilmente reconhecidos: “Baiano”, ex-candidato a vereador pelo PT, e Arlindo, membro da Comissão de Fábrica. Além de agredirem os companheiros Eraldo e Pedro Celeste, os bandidos tomaram todos os panfletos e roubaram celulares, câmera digital e outros pertences pessoais.

Além de pelegos, os cutistas agora viraram ladrões. Triste destino o da corrente sindical do presidente Lula e do prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho.