Precarização e aumento do ritmo de trabalho estão por trás de mais uma morte

Na sexta (31/07), um acidente tirou a vida de Francisco Xavier de Castro, de 47 anos, trabalhador da Companhia Brasileira de Serviços de Infraestrutura (CBSI), empresa que presta serviços à Companhia Siderúrgica Nacional em Volta Redonda. O acidente ocorreu no setor de expedição da Usina Presidente Vargas, na área de bobinas, onde uma tenaz – tipo de pinça que suspende os rolos de folha de flandres, com que latas são fabricas – caiu sobre o trabalhador. Francisco teve morte instantânea. A tenaz pesa cerca de duas toneladas.

Segundo a CSN, uma investigação foi aberta para apurar as causas do acidente, e a polícia civil está acompanhando o caso. Não é a primeira vez que isto ocorre recentemente. Em março, Paula Valéria da Silva, de 35 anos, morreu no mesmo setor, atropelada e arrastada por uma empilhadeira que levava uma bobina semelhante.

De um tempo para cá, cada vez mais empresas vem lançando mão do uso de terceirizados. O próprio Francisco já tinha passado por uma série de empresas até ser contratado pela CBSI, há cerca de 5 anos. Os objetivos da terceirização são claros: diminuir os custos da produção – por meio do achatamento de salários – e fugir de responsabilidades em casos como esses. Mas aqui há algo ainda mais grave: a necessidade de produzir mais e mais, com menos empregados, está matando trabalhadores. O chamado “aumento da produtividade”, que faz com que se produza mais com menos tempo e menos braços, está produzindo um ritmo de trabalho estressante e mais acidentes de trabalho. A manutenção piora, a segurança diminui e acidentes se tornam ainda mais constantes.

Desde as privatizações ocorridas no governo FHC, que incluíram a CSN, o ritmo dos acidentes de trabalho tem se intensificado. Segundo trabalho apresentado pelo pesquisador Carlos Henrique Menezes em 2005, “a insuficiência e inadequação de alguns dos equipamentos de proteção individual disponíveis nos locais de trabalho mais hostis e, sobretudo, a exposição dos trabalhadores a jornadas diárias de trabalho estafantes, bem como a acumulação por eles de tarefas outrora desempenhadas por outros operários, têm levado as empresas progressivamente a colecionarem índices crescentes de acidentes de trabalho e de incidência de doenças ocupacionais que, muitas vezes, os levam precocemente à condição de inativos, quando não à morte” (“Duas Estratégias Sindicais: o caso da Siderurgia Brasileira”, trabalho apresentado ao XII Congresso Brasileiro de Sociologia). Desde então, com o aumento das terceirizações e da produtividade, isso tem piorado ainda mais.

Essa morte se soma às muitas que ocorrem, todos os dias, nas fábricas, obras e demais locais de trabalho por todo o país. Em geral, são resultado direto da ânsia de lucro dos patrões. O trabalho deve ser um direito do trabalhador e não uma sentença de morte. Porque os trabalhadores produzem a riqueza do mundo, mas quem fica com elas são os patrões. Isso precisa parar.