A crise política e econômica aprofunda-se cada vez mais. E os trabalhadores estão pagando a conta. Há um acordo entre o governo Dilma (PT), a oposição de direita (PSDB, DEM, etc.) e os grandes empresários para despejar nas costas do povo o preço da recessão econômica.
 
As suas armas são o ajuste fiscal e a retirada de direitos. O resultado é um só: enquanto o salário do trabalhador não chega ao final do mês e o desemprego bate à porta, os bancos batem recordes de lucratividade.
 
Perante esse cenário de ataques, é fundamental a mais ampla unidade dos trabalhadores e do povo pobre para enfrentar essas medidas e derrotar o governo Dilma, o Congresso Nacional, a oposição de direita e a patronal.
 
A crise política vem colocando em cheque o governo Dilma. Apenas 7% da população apoia o governo. Cientes dessa realidade, o PSDB, organizações reacionárias (MLB, Vem Pra Rua, etc.) e a grande mídia convocam uma manifestação para o dia 16 de agosto em defesa do impeachment.
 
Esses setores se aproveitam do enorme descontentamento da classe média e da população em geral com o governo para construir uma saída pela direita à crise que vive o país. O impeachment de Dilma significaria jogar nas mãos desse Congresso de picaretas, dominado por Eduardo Cunha e Renan Calheiros, o desenlace da crise. Por isso, não temos nenhum acordo com essa alternativa.
 
Por outro lado, consideramos um grave erro deixar nas mãos da oposição de direita a alternativa ao governo Dilma. É um equívoco sem tamanho ficar no apoio – aberto ou disfarçado – à gestão petista. Gestão que é rechaçada pelo povo brasileiro, retira direitos dos trabalhadores e atende somente aos interesses dos grandes bancos e multinacionais.
 
Não há dúvidas: fazer o jogo da direita é, em primeiro lugar, ajudar a blindar esse governo sob o argumento do suposto “golpe” conservador. O grande golpe do momento vem do governo Dilma, que nas eleições prometeu não mexer nos direitos dos trabalhadores, mas que agora os ataca ferozmente.  
 
É nesse sentido que queremos dialogar com a direção do MTST e sua base. Valorizamos e respeitamos a luta por moradia popular travada pelos companheiros. Trata-se de um importante e combativo movimento social em nosso país.
 
Pela importância que tem o movimento, acreditamos que a direção do MTST está cometendo um erro importante. Ao invés de colocar como prioridade a luta contra as medidas do governo Dilma, do Congresso e da oposição de direita, a direção do MTST está chamando um ato no dia 20 que, por seu conteúdo, tem como objetivo principal preservar o governo federal.
 
É necessário lutar contra o governo Dilma e seus ataques aos diretos dos trabalhadores
Consideramos muito importante a realização de um forte ato dos trabalhadores e do povo pobre. A construção de manifestações que sejam contra o governo Dilma e contra oposição de direita é fundamental.
 
Até porque, nesse momento, um forte ato cumpriria um papel de contraposição à manifestação do dia 16. Por essa razão a CSP-Conlutas e demais organizações, reunidas no Espaço de Unidade de Ação no último dia 30 de agosto, deliberaram por construir manifestações em todo o país contra os ataques do governo Dilma, do Congresso e da oposição de direita.
 
Nesse sentido, perguntamos: por que o MTST e demais setores não se somam na construção unitária de um grande ato contra o ajuste fiscal, os ataques aos direitos e que coloque em marcha uma alternativa contraposta ao bloco governista e também ao bloco tucano?
 
O que mudou da “quinta-feira vermelha” para cá?
No dia 25 de junho, ocorreu o ato chamado de “quinta-feira vermelha”. Essa manifestação foi muito positiva ao se colocar contra o ajuste fiscal do governo federal e contra a ofensiva dos governos e do Congresso. Por esse motivo, o PSTU participou e convocou o ato, ainda que tivéssemos críticas importantes que foram expressas em nossas notas públicas.
 
Entretanto, houve uma mudança significativa após a “quinta-feira vermelha”. A direção do MTST não está a favor, agora, que o ato se coloque claramente contra os ataques do Governo Dilma aos trabalhadores, tal como foi proposto pela CSP-Conlutas.
 
Algumas bandeiras importantes que estavam presentes na convocatória do dia 25 de junho ficaram ausentes do chamado para o dia 20 de agosto, tais como: redução da jornada de trabalho sem redução salarial; apoio às greves das universidades; contra a progressividade na idade de aposentadoria. E mais: os principais ataques aos trabalhadores simplesmente não constam na convocatória do ato do dia 20.
 
Vejamos. O Programa de Proteção ao Emprego (PPE) prevê a redução dos salários em até 30%. Essa medida foi costurada e é defendida pelo governo federal, CUT, Força Sindical e a patronal. O PPE é um ataque brutal aos trabalhadores. A direção do MTST está a favor do PPE? Se não está, por que não defende que a luta contra esse projeto nefasto esteja na convocatória do ato?
 
Na convocatória para o dia 20 não consta também o apoio às principais greves e lutas em curso. Não há uma linha em solidariedade às greves das universidades, dos servidores federais, à luta dos operários contra as demissões nas montadoras, etc.
 
Mas não para por aí. Nesse momento, a direção da Petrobras, a mando do governo Dilma, quer vender R$ 55 bilhões em ativos da empresa. Os petroleiros fizeram uma greve de 24h contra a venda de ativos de Dilma/Bendine e o PL do José Serra no dia 24 de julho. Por que na convocatória para o ato dia 20 não consta a posição contrária à venda de ativos de Petrobras, que na prática significa a privatização da companhia?
 
A explicação para que essas lutas e demandas tão importantes dos trabalhadores estejam ausentes da convocatória do ato é uma só: o ato dia 20, com forte presença de entidades e partidos governistas (CUT, UNE, MST, PT, PCdoB, etc), tem como objetivo defender o governo Dilma, ainda que de modo disfarçado.
 
Não é por acaso que a direção do PT, em seu site nacional, convoca abertamente a manifestação do dia 20, a qual seria, segundo a direção petista, pelo “fica Dilma”. A direção do MTST diz que a manifestação do dia 20 não é em defesa do governo. Se isso é verdade, por que foram barradas da convocatória todas as bandeiras contra os ataques diretos do governo Dilma aos trabalhadores?
 
Um chamado à direção do MTST: construir um bloco independente dos trabalhadores contra o governo Dilma e a direita!
Em primeiro lugar, queremos dizer que o PSTU está disposto a jogar todas suas forças para a construção de manifestações que estejam em defesa dos trabalhadores e do povo pobre, por suas demandas e lutas concretas. Mas não podemos concordar com um ato que visa blindar o governo Dilma, que é hoje o principal responsável pelos ataques à classe trabalhadora e ao povo brasileiro. Por isso, caso a direção do MTST esteja disposta a mudar o caráter governista do ato, nos incorporaremos à convocação da manifestação do dia 20.
 
Ao mesmo tempo, fazemos um convite ao MTST para que construa junto com o Espaço Unidade de Ação, a CSP-Conlutas e inúmeras outras entidades o bloco independente dos trabalhadores contra o governo Dilma, o Congresso conservador e a oposição de direita. A melhor forma de combater a direita começa por não deixar na mão do PSDB a alternativa de oposição ao governo Dilma. Veja link aqui.
 
Por fim, reproduzimos um trecho do importantíssimo manifesto da Plenária Sindical e Popular, realizada na última quinta-feira (30), em São Paulo (SP), e organizada pelo Espaço Unidade de Ação e a CSP-Conlutas, com a qual temos pleno acordo:

 
“(…) Por isso, precisamos construir uma alternativa que seja expressão dos interesses dos trabalhadores, da juventude, do povo pobre e setores oprimidos. A construção de um campo que expresse politicamente uma alternativa às duas frentes burguesas que tem polarizado o cenário político (a frente governista, com o PT à cabeça e a oposição burguesa, com o PSDB à frente), sendo que ambas não representam os interesses dos trabalhadores, se faz, portanto, urgente e necessária. 
 
 Por isso, fazemos o chamado à construção desse campo de luta, contraposto aos dois blocos burgueses, para organizar e mobilizar a nossa classe, de maneira ampla e nos dirigimos em especial às organizações dirigidas pelos setores combativos da esquerda, como a CCT-Intersindical, o MTST, a Intersindical, e também aos partidos como o PCB, PSOL e PSTU. A unidade de ação ampla, nas lutas, em defesa de qualquer direito ameaçado, segue na ordem do dia e as entidades que assinam essa declaração manifestam sua disposição de atuar dessa maneira, sempre que possível, com toda e qualquer organização, central sindical ou movimento da classe trabalhadora”. 
 
Com a palavra, a direção do MTST.