A contracepção de emergência ajuda a prevenir gestações indesejadas e conseqüentemente o aborto clandestino.A mortalidade materna no Brasil é cinco vezes maior do que a Organização Mundial de Saúde considera razoável para países em desenvolvimento e o aborto aparece como a terceira causa de morte materna, ocorrendo principalmente entre as adolescentes entre 15 e 19 anos.

O Brasil gasta por ano cerca de US$ 10 milhões no atendimento das complicações do aborto inseguro. Todos os anos, são realizados em torno de 1 milhão de abortos clandestinos por ano no Brasil e 240 mil internações por aborto na rede pública de saúde (curetagens). Esses números oficialmente registrados estão muito aquém da realidade.

As principais vítimas são as jovens pobres e negras que não têm acesso a uma orientação sexual adequada. Uma gravidez não planejada pode ter sérias repercussões na vida e na saúde das mulheres de qualquer idade, porém, na adolescência, as conseqüências são mais deletérias.

Assim, a contracepção de emergência ajuda a prevenir gestações indesejadas e conseqüentemente o aborto clandestino.

Contracepção de emergência ou pílula do dia seguinte
Criada na década de 60 e inserida nas Normas Técnicas de Planejamento Familiar do Ministério da Saúde em 1996, a pílula do dia seguinte é absolutamente legal no Brasil.

É indicada como contracepção de emergência em situações de estupro (sendo vital nos casos de violência sexual), ruptura de camisinha, deslocamento do DIU, quando a mulher ficou sem o seu anticoncepcional oral ou esqueceu-se de tomar duas ou mais pílulas ou está atrasada há mais de duas semanas para a injeção de Depo Provera ou mesmo quando não está usando nenhum método anticoncepcional.

Quando usar
Até 72 horas após uma relação sexual sem proteção. Quanto mais precoce o seu uso, maior eficácia. O ideal é que ela seja ingerida nas primeiras 24h (se possível nas primeiras 12h) após a relação desprotegida – (1ª 24h – 95%) proteção de até 95%.
A eficácia é maior se a mulher não tiver relações sexuais vaginais desde o uso da anticoncepção de emergência até a menstruação seguinte.

É importante lembrar que a anticoncepção de emergência não protege contra posteriores relações sexuais desprotegidas nem contra doenças sexualmente transmissíveis. Portanto, não substitui a camisinha.

Mecanismo de ação
a) Impedindo ou retardando a ovulação
b) Impedindo a fecundação (após a mulher ter ovulado) – afeta o PH vaginal, tornando-o muito ácido e com isso afeta a mobilidade do espermatozóide ou provoca a morte do mesmo.
– Não é abortiva. Não interfere na gravidez e nem prejudica o feto.
– Não interfere no processo de implantação da gestação e a prova disso é que não há descamação do endométrio, ou seja, não há sangramento.
– Após o uso a mulher vai menstruar na data prevista, mas sua menstruação pode atrasar ou antecipar em 3 dias.

Como usar?
a) Dose pronta – um comprimido e, 12h após, outro comprimido, ou seja, 1+1;
b) Doses alternativas – Método Yuspe: b1 – pílulas de média dosagem – 2 comprimidos e 12h após mais 2 comprimidos, ou seja, 2+2;
b2 – pílulas de baixa dosagem – 4 comprimidos e 12h após mais 4 comprimidos, ou seja, 4+4.
Após o seu uso contínuo com seu método contraceptivo regular até a próxima menstruação.

A pílula do dia seguinte não tem contra indicações. Como efeitos colaterais, podem ocorrer náuseas e vômitos, menos freqüentes com a dose pronta e quando ingerida junto com alimentos. Se ocorrer vômitos nas primeiras duas horas após a ingestão, deve-se repetir a dose.

O uso contínuo, várias vezes ao mês, altera o ciclo e aumenta o risco de gravidez, diminuindo a eficácia do método. Estudos demonstram que o uso da contracepção de emergência não leva ao abandono de outros métodos contraceptivos, principalmente a camisinha.

Toda mulher adulta ou adolescente que procurar o serviço de saúde para aquisição do contraceptivo de emergência deverá ser inserida no programa de planejamento familiar.