Redação
O atual governador de São Paulo e pré-candidato do PSDB à presidência coleciona denúncias de corrupção
Novos detalhes divulgados pela Odebrecht sobre a formação de carteis em grandes obras tocadas pelos sucessivos governos tucanos de São Paulo mostram que o PSDB não deve nada ao PMDB ou ao próprio PT em matéria de corrupção. Até mesmo as cifras são dignas da Lava Jato. Segundo documentos entregues pela empreiteira ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) um cartel atuava no Rodoanel e no Programa de Desenvolvimento do Sistema Viário Estratégico Metropolitano de São Paulo, ou seja, na construção de estradas e linhas de metrô.
O esquema teria funcionado entre 2004 e 2015, durante os governos de Geraldo Alckmin, José Serra e Alberto Goldman, e envolveram obras cujo total de gastos superam os R$ 10 bilhões. Funcionava assim: as grandes empreiteiras se reuniam com o governo, definiam preços, condições de execução das obras, e dividiam entre elas o que cada uma pegaria. Participariam dessa tramoia, além da Odebrecht, a Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, OAS e Queiroz Galvão e outras empresas menores. Daí, a licitação de mentirinha só serviria para dar uma cara de legalidade ao arranjo espúrio.
As investigações teriam começado com as delações dos executivos da Odebrecht, e o documento entregue agora pela empreiteira faria parte do acordo de leniência firmado pela empresa com o Cade e o Ministério Público Federal. Um acordo de leniência é aquele em que uma empresa corrupta confessa seus crimes, eventualmente paga uma multa (em geral bem menor que os lucros que teve com as negociatas) e depois segue livre para continuar atuando, corrompendo e roubando.
Essas denúncias não são novas. No início do ano foram revelados alguns conteúdos das delações de executivos da Odebrecht que atestam o repasse de propinas milionárias para Alckmin, que chegavam até R$ 10 milhões. Pelo menos um dos executivos afirmou que o atual governador do estado pegou pessoalmente R$ 2 milhões em caixa dois.
Como um verdadeiro santo do pau oco, Alckmin agora se diz “vítima” de uma armação das empresas. Numa demonstração de cinismo sem limites, afirmou à imprensa que vai mandar investigar o cartel e determinar a devolução do prejuízo aos cofres públicos.
Já seria difícil de acreditar nisso se esse fosse o primeiro caso, mas não é. Os governos tucanos em São Paulo se tornaram verdadeiros especialistas em cartéis formados por grandes empreiteiras e multinacionais. Em 2008 foi revelado o caso do cartel nos trens e metrôs de São Paulo envolvendo as multinacionais Alstom, Bombardier, CAF e Mitsui.
Isso tudo só reforça aquilo que vem se tornando cada vez mais nítido à população: o PSDB é tão corrupto quanto seus pares. A substituição de Aécio Neves por Alckmin na presidência do partido (e na indicação à pré-candidatura à presidência da República) foi, assim, trocar o sujo pelo mal lavado. Apesar da blindagem da imprensa, sobretudo paulista, e a conivência da Justiça, os sucessivos escândalos de corrupção envolvendo cifras bilionárias vão minando cada vez mais a imagem desse puleiro sujo do tucanato.
Prisão, confisco dos bens e estatização
Mesmo após tantos escândalos, Marcelo Odebrecht acabou de ser solto para cumprir sua “pena” numa luxuosa mansão. Punição que 99% da população dariam tudo para ter. Um escárnio. O empreiteiro comprou políticos do PT, PSDB, PMDB entre tantos outros, e agora está praticamente livre. E Alckmin, por sua vez, não teve nem de enfrentar a Justiça e continua desfilando país afora e posando de santo para se cacifar a presidência em 2018. Essa é a Justiça dos ricos, um tapa na cara dos trabalhadores.
Alckmin, deveria estar em cana e não mentindo para o povo e se colocando como candidato para 2018, livre ainda para articular a base do PSDB no Congresso para aprovar a reforma da Previdência. Assim como Temer, Aécio, Marcelo Odebrecht e todos os envolvidos em corrupção, seja do PSDB, do PT, do PMDB ou qualquer outro partido. E com seus bens confiscados.
As empreiteiras envolvidas nos escândalos de corrupção, por sua vez, deveriam ser estatizadas sob o controle dos trabalhadores, deixando de servir como instrumentos de desvio de dinheiro público e enriquecimento de um punhado de corruptos enquanto o povo tem que sobreviver apinhado no precário transporte público de São Paulo.