Secretaria Nacional LGBT
Alessandro Furtado e Babi Borges
No dia 8 de março é celebrado o Dia Internacional de Luta da Mulher Trabalhadora. Mulher que protagoniza históricos atos, como a greve liderada por operárias que detonou o império czarista na Rússia de 1917, como os protestos que tomaram as ruas da Argentina sob a palavra de ordem “Nem uma a menos” após o assassinato de uma jovem em 2016, como os piquetes organizados por mulheres de policiais militares no Rio de Janeiro e no Espírito Santo, frente aos batalhões, em defesa do reajuste salarial e melhores condições de trabalho para seus maridos. O protagonismo feminino em diversas lutas segue trazendo esperanças e nos enche de orgulho.
Nesta data é também muito importante tornar visível a situação das mulheres lésbicas, bissexuais e transexuais, que sofrem cotidianamente com ameaças, perseguições, assédio moral e crimes de ódio. Estas, sofrem com o “estupro corretivo”, como se fossem portadoras de doenças e anormalidades em meio a uma sociedade machista e lgbtfóbica. As maioria das mulheres lésbicas, bissexuais e trans estão localizadas em postos de trabalhos nos quais são arduamente exploradas, nos cubículos de telemarketing, nos empregos precarizados do comércio, em serviços terceirizados, nos chãos de fábricas, de escolas, com seus salários de fome, e muitas precisam prostituir-se para sobreviver.
O Brasil é o país em que ocorrem o maior número de crimes contra LGBT’s no mundo. De acordo com o Grupo Gay da Bahia, 2016 foi o ano mais violento no que diz respeito a crimes lgbtfóbicos, desde 1970. Foram registrados 343 assassinatos de LGBT’s (dentre estes, 50 assassinatos de transexuais femininas), o que significa um crime fatal contra LGBT’s a cada 25 horas, – coisa que tende a se repetir em 2017. Os grupos de transexuais, que se encontram em situação ainda mais vulnerável, estão expostos a maiores situações de intolerância, pois geralmente se encontram nas ruas, em condições mais marginalizadas, envolvidas com prostituição, diante do desemprego e da exclusão que sofrem. 90% das pessoas trans (esse número inclui principalmente mulheres) vivem da prostituição, por causa da violência lgbtfóbica que sofrem no mercado de trabalho formal.
Por isso, é necessário, neste 8 de março, unificar a luta de todas as mulheres, sejam heterossexuais, lésbicas, bissexuais, cis ou transexuais, com as lutas dos demais trabalhadores e oprimidos. O ajuste fiscal que se inicia no governo Dilma (PT) ganha ares monstruosos com Temer e seu Congresso machista e lgbtfóbico. A reforma da Previdência ataca o direito conquistado pelas mulheres de se aposentar mais cedo do que os homens, e incide sobre as LGBT’s, mediante a opressão a que são subjugadas na sociedade capitalista, que cria os piores postos de trabalho com o objetivo de explorar e dividir a classe trabalhadora.
Por isso, 8 de março é dia de agitar também as bandeiras do arco-íris nas ruas e fortalecer a mobilização da nossa classe, dizendo “nem uma a menos!”, denunciando as reformas que atacam nossos direitos e impulsionando a luta dos trabalhadores para que construamos uma greve geral no Brasil que coloque para fora Temer e todos os corruptos que nos atacam. Além disso, convocamos os LGBT’s da classe trabalhadora a ampliar a solidariedade internacional e pautar nas mobilizações, além das bandeiras mais gerais dos trabalhadores, as nossas reivindicações específicas, como o direito ao nome social, a criminalização da homofobia e outras!
O 8 de março é dia internacional de luta das mulheres e dia das LGBT’s lutarem com o restante da nossa classe!