Foto: Arquivo/Agência Brasil

Para a burguesia não basta matar de fome e jogar no desespero e na miséria milhões de famílias. Como não basta pagar salários irrisórios, que sequer garante alimentação de qualidade, deixando de lado moradias dignas, jogando nossos filhos em escolas precarizadas e dilapidar o SUS. A burguesia carrega, há séculos, um sentimento racista, xenófobo, de que pobre é “vagabundo” em busca de benefícios do Estado para não trabalhar. Uma visão que criminaliza o pobre por ser pobre, o negro por ser negro, o açoitado por merecer o açoite do senhor de escravo. Essa ideologia está por trás do genocídio permanente de negros e negras, principalmente da juventude nas periferias das grandes cidades. Para a burguesia é preciso humilhar o pobre, o miserável, e assim acabar com a sua a vontade de lutar. Como não pode açoitá-lo no pelourinho, destila seu desejo sinistro, além das ações do Estado, também nas palavras.

Zema é um “bufão” bolsonarista. Um “bufão” que tenta se parecer um homem “simples e do povo”, mas, alçado a um cargo importante, como o de governador, não consegue se conter em seus preconceitos de classe. Em entrevista coletiva na segunda-feira, dia 04 de outubro, ao anunciar um miserável “auxílio emergencial” estadual de R$ 600,00, deu a seguinte declaração:

“Nós sabemos, infelizmente, que muitas pessoas ao receberem esse dinheiro não fazem uso adequado do mesmo, vão para o bar, para o boteco, e ali já deixam uma boa parte ou quase a totalidade do que receberam. Então, se ele [auxílio emergencial] fosse pago de forma parcelada, muito provavelmente a sua efetividade social teria sido maior”.

No atual momento o que vemos é alta dos alimentos, do gás de cozinha e da energia, além do índice de desemprego em Minas Gerais ser de 1,5 milhão de desempregados, cerca de 14% dos empregos formais, e 503 mil que nem sequer procuram mais empregos; 38,4% dos trabalhadores estão na informalidade. Isso significa que mais da metade da população vive em permanente insegurança de renda e alimentar. Uma situação que se agrava dia após dia. Essa fala de Zema é no mínimo uma covardia.

Mas essa covardia e ódio aos pobres é inversamente proporcional diante de criminosos como a Vale, por exemplo. Para Zema, um crime onde foram assassinados 272 trabalhadores, em Brumadinho, foi uma “fatalidade” e esteve em solidariedade ativa para com a empresa, comportando-se como um abnegado advogado da Vale.

Também Zema, ao mesmo tempo que humilha aqueles e aquelas que dependem do auxílio emergencial, defende a permanência da Lei Kandir, que isenta as exportações de comodities em bilhões de reais todos os anos. Que são as mesmas que se beneficiam com a alta nos preços da carne, do milho, do feijão e que tiram esses alimentos das mesas da classe trabalhadora.

Já na pandemia, o governador protegeu Bolsonaro frente à escaramuças com governadores. Mesmo sabendo da postura genocida do presidente e sua quadrilha. Zema é o mais negacionista dos governadores do Sudeste e provas disso não faltam. Minas Gerais é o Estado em que mais de 50 mil pessoas perderam a vida para a COVID-19, em que menos testes são feitos.

E justamente agora, quando a maioria da população quer botar abaixo o governo Bolsonaro, Zema vira seu garoto de propaganda em Minas Gerais. Com popularidade em alta, já que governa quase sem oposição, tem recebido Bolsonaro em diversos eventos nos últimos meses. No último dia 30, aliás, chegou a tirar a máscara em público para agradar os zumbis bolsonaristas.

A fala e as atitudes de Zema e Bolsonaro são puro ódio de classe, puro racismo, preconceito contra pobre, enfim, acima de tudo atitudes de um capitalista. Para derrota-los precisamos continuar nas ruas e não apenas esperar pelas eleições de 2022. É preciso unir todos os lutadores e lutadoras, indignados da classe trabalhadora, na construção de um Pólo Socialista e Revolucionário para unificar os/as trabalhadores/as em torno de um projeto socialista de país. Para isso não há espaço para conciliação de classes com banqueiros, latifundiários e especuladores, e seus representantes acostumados no açoite e na enganação de nosso povo.

Fora Bolsonaro, Mourão e Zema!
Pela construção de um pólo socialista e revolucionário!