Milhares de egípcios saíram às ruas no Cairo na chamada “Marcha da Vitória”. Cerca de dois milhões de pessoas, segundo os organizadores, voltaram a Praça Tahrir, epicentro das manifestações que duraram 18 dias e derrubaram a ditadura de Mubarak.

O clima na praça foi de muita alegria e festa. “É uma festa, estamos muito felizes, Mubarak foi embora. Acho que vamos voltar todas as semanas, todas as sextas-feiras”, disse Naser Mohamed, de 50 anos, em declaração reproduzida aqui no Portal G1.

Com cânticos e palavras de ordem, os manifestantes exigiram do governo provisório, composto pelo Conselho Supremo das Forças Armadas, a realização plena de suas reivindicações democráticas, como a convocação de eleições livres. Além disso, pedem o fim do aparato repressor do regime e a punição dos ministros corruptos de Mubarak, além da prisão para os responsáveis pelas mortes provocadas pela repressão policial.

A Marcha da Vitória serviu também para honrar as vítimas da repressão. Pelo menos 360 pessoas morreram e mais de 5.500 ficaram feridas durante a revolução democrática.

Pressionado, o governo provisório foi obrigado a anunciar algumas prisões de ex-ministros governo Mubarak. Entre elas a de Ahmed Ezz, homem forte do regime, que fez fortuna como empresário do aço, e chegou a dirigir o Partido Nacional Democrático. Contudo, o atual gabinete do governo provisório é basicamente o mesmo que Mubarak apontou pouco antes de renunciar, o que alimenta enormes desconfianças da população sobre o exército.

Greves
A vitória da revolução democrática também provocou uma onda de greves pelo país. Milhares de trabalhadores se negam a ir ao trabalho até que melhorem suas condições trabalhistas e seus salários. Muitos reivindicam a demissão dos diretores de empresas, ligados ao regime do deposto Mubarak, e acusados de corrupção.

Antes proibidas e reprimidas, as greves ocorrem livremente, diante das Forças Armadas. Logo após a queda de Mubarak, uma fonte militar confessou a Agência Reuters a possibilidade de o governo provisório decretar medidas proibindo as greves e reuniões sindicais. Contudo, os elementos de crise no interior do exército impossibilitam a ação. O Conselho Supremo das Forças Armadas se limitou a emitir um comunicado, o sexto, pedindo para que as pessoas voltassem ao trabalho.