Protestos acontecem até sob chuva
Nanda Isele

Caixa dois revela mar de lama no governo do Rio Grande do SulNas últimas semanas, uma avalanche de denúncias de corrupção contra o governo tucano do Rio Grande do Sul foi amplamente divulgada por uma revista de circulação nacional. Essas denúncias, feitas anteriormente por parlamentares do PSOL, ganham agora mais notoriedade tornando impossível qualquer tentativa de abafar o caso.

Em seus dois anos e meio de governo, Yeda Crusius não conseguiu construir uma base sólida de apoio nos mais variados setores da sociedade. A governadora acabou encontrando resistência não só no movimento de massa, mas também em vários setores da burguesia.

Isso se expressou em vários momentos: na derrota da proposta de aumento de impostos; nos vários secretários que deixaram seus cargos em função de denúncias; na postura de oposição de seu vice-governador; na não-renovação do contrato dos pedágios com as concessionárias, antes de seu vencimento; na questão ambiental e na liberação de áreas para plantio de árvores às multinacionais; e, finalmente, na própria dificuldade de votar na Assembleia Legislativa o desconto dos dias parados na greve do magistério. Apesar dessa fragilidade, Yeda é a fiel defensora do neoliberalismo e representante desse projeto no estado.

São várias as crises e denúncias contra o governo, mas, até agora, Yeda conseguiu manter seu cargo à custa da troca de praticamente todo o secretariado, de mudanças na base aliada, da interferência no Ministério Público Estadual, além da mão-de-ferro contra os movimentos sociais e de muita propaganda enganosa.

Fragilizada pelos embates que tem travado com os servidores públicos, em especial com o CPers, sindicato dos trabalhadores em educação no estado, o governo tucano dá sinais de isolamento e fragilidade. Antes mesmo dos últimos enfrentamentos com os servidores, a governadora já acumulava os piores índices de aprovação da história: não passava dos 9%.

Os elevados índices de rejeição, a simpatia da população pela greve dos trabalhadores em educação no final do ano passado e as disputas e crises dentro de sua própria base aliada são provas do desgaste que o governo tucano acumulou ao enfrentar os interesses da maioria da população.

Corrupção e caixa dois: não são exceção
A população gaúcha, que já tem sido penalizada pelas consequências da crise econômica, agora descobre detalhes do esquema de corrupção envolvendo a campanha eleitoral e o governo de Yeda.

A corrupção de integrantes do governo não é de hoje. O escândalo no Departamento Estadual de Estradas e Rodagens (Detran), de onde foram desviados mais de R$ 40 milhões através de um esquema de licitação, foi encoberto tirando de circulação integrantes do governo, com interferência no Ministério Público e criação de empecilhos na CPI da Assembleia Legislativa.

Ao explodirem novas denúncias, fica a certeza de que apenas foi revelada a ponta do iceberg de um grande mar de lama. Uma sujeira que envolve a estrutura de poder político em todas as suas esferas, municipal, estadual e federal. A corrupção faz parte do sistema capitalista: corruptores de plantão sempre estão dispostos a financiar campanhas e candidatos para depois se beneficiar dos cofres públicos.

Educação
Yeda e sua secretária da “deseducação”, Mariza Abreu, provocaram um verdadeiro caos e desmonte na educação. Já são mais de 115 escolas fechadas e faltam profissionais em sala de aula e nos demais serviços escolares. Além disso, não existe concurso para nomeação de profissionais. As escolas só recebem 70% das verbas a que teriam direito e há um processo rápido de municipalização e privatização da educação estadual.

Como se não bastasse, a governadora ainda pretende destruir os direitos conquistados no plano de carreira, assim como a gestão democrática nas escolas, o que já provocou uma greve no final do ano passado e várias campanhas pelo “Fora Yeda!”.

Post author Julio Flores e Vera Guasso, de Porto Alegre (RS)
Publication Date