Ato contra o racismo na Zona Sul de SP Foto Romerito Pontes
Redação

O racismo sob Bolsonaro foi escancarado. Além de proferir a odiosa frase de que afrodescendentes “pesavam sete arrobas”, referindo-se a um negro quilombola como um senhor de escravos o fazia; dizer que o “racismo é algo raro no Brasil”; insinuar que um apoiador era “criador de baratas” (por ter cabelo afro), e atacar o sistema de cotas; o presidente genocida ainda nomeou Sérgio Camargo, um capitão do mato, para dirigir a Fundação Palmares.

O resultado foi a explosão dos casos de racismo que inundam os noticiários quase todos os dias. Dados da Secretaria de Justiça e Cidadania do Estado de São Paulo mostram que, entre janeiro e abril de 2022, já foram registradas mais denúncias de crimes de racismo e injúria racial do que em todo o ano de 2021 (174 casos, contra 155 durante todo o ano anterior).

O racismo de Bolsonaro atiçou o ódio e a violência contra a população negra. Segundo o “Atlas da Violência/2021”, 77% das vítimas de homicídios são negros e negra, e, de acordo com o Monitor da Violência, em 2020, 78% dos mortos pela polícia também eram afrodescendentes.

No Brasil, tem muita gente com fome. Mas, em números concretos, em 2020, de acordo com a Rede Penssan, 76% das pessoas que passavam fome eram negras. E, dentre elas, a maioria é formada por mulheres que chefiam suas famílias. Se isso não bastasse, o genocídio negro foi absurdamente “naturalizado”.

A farsa do empoderamento sob o capitalismo

Muitos acreditam que essa violência pode ser estancada apenas mudando o governo. Isso é uma farsa e um mito. É claro que Lula não tem o mesmo discurso pró-violência e racista de Bolsonaro. Mas os dados mostram que os governos petistas também foram anos de extermínio contra a juventude e a mulheres negras.

Entre 2016 e 2017, o Brasil experimentou aumento de 6,7% na taxa de homicídios de jovens. Mas, na década entre 2007 e 2017, essa taxa passou de 50,8 por grupo de 100 mil jovens (2007) para 69,9 por 100 mil (2017). Um aumento de 37,5%, de acordo com ao Atlas da Violência/2019.

Apesar dos discursos, também foi com o PT que houve a explosão da população carcerária no Brasil. Quando Lula assumiu seu primeiro mandato em 2003, havia 336 mil presos no país. Hoje, temos mais de 870 mil presos e a grande maioria é formada por negros. Segundo o Anuário de Segurança Pública, divulgado em 2019, somam mais de 439 mil (ou 66,7% do total). No gráfico ao lado, pode-se observar também a explosão dos homicídios na população negra durante os governos do PT.

Além disso, o PT e seus aliados no movimento negro fomentam o ingênuo e farsesco discurso do empreendedorismo e do o empoderamento individual, defendendo parcerias de ativistas com empresas e a necessidade de combater o racismo “por dentro” do capitalismo. Para eles, basta aos negros (as) assumirem “postos de poder e prestígio” dentro dos bancos, corporações e instituições capitalistas para acabar com o racismo. Pois é… O único resultado a que esse caminho leva é o beco da cooptação e da conciliação de classes.

“Não há capitalismo sem racismo”, a frase dita muitas vezes por Malcolm X deve ser reafirmada nesse momento, mais do que nunca. O fim da marginalização histórica do povo negro começa com a luta pela construção do socialismo, em unidade com o movimento operário e demais setores oprimidos.

É por isso que PSTU lançou a candidatura de Vera (negra e operária) e Raquel Tremembé (indígena), como uma alternativa socialista e revolucionária nas eleições, construída coletivamente por trabalhadores e trabalhadoras da cidade e do campo, por jovens, por indígenas e quilombolas, por ativistas das lutas contra as opressões.

 
Neylson presente! Hoje e sempre!

Militante do PSTU é assassinado no Maranhão

Essa edição do “Opinião” presta uma homenagem a Neylson Oliveira da Silva, assassinado barbaramente na cidade de Açailândia (MA). Existem suposições de que teria sido um latrocínio, mas, pelo requinte de crueldade dos criminosos, não resta dúvida que esse crime também está atravessado pela  LGBTfobia que explodiu no país sob o estímulo do ódio do governo Bolsonaro.

Exigimos celeridade e transparência nas investigações policiais! Sua trajetória de vida, sua militância em defesa dos direitos humanos e das LGBTIs, além de sua importância política e pedagógica na cidade de Açailândia, devem ser consideradas para se investigar a fundo e trazer os responsáveis à justiça.

Neylson era graduado em Filosofia pela Universidade Federal do Maranhão, intérprete de Libras, atualmente mestrando em Educação pela UFMA. Era também professor da Educação Básica em Açailândia. Desde estudante se envolveu com as lutas para conquistar direitos políticos e sociais para a classe trabalhadora. Sobretudo, era um militante da causa LGBTI, das lutas do campo e da Educação Especial.

Açailândia é um lugar dominado pelo agronegócio, por siderurgias de carvão e ferro gusa e por uma grande quantidade de trabalhadores escravizados. E, portanto, é violenta e perigosa para a classe trabalhadora, em especial para os militantes sociais e revolucionários. Por isso, é mais do que necessário uma apuração rigorosa dos fatos.

Mas, para além disso, é preciso destacar a pessoa humana que era Neylson Oliveira da Silva, nosso Ney! Um cara carinhoso, que quando te encontrava você já sabia que teria um abraço, risadas e um beijo garantidos. Um ser humano que lutou, viveu e se apaixonou pela classe trabalhadora. Por isso, combatia a burguesia e os latifundiários por uma sociedade sem LGBTfobia, sem machismo, sem racismo e sem classes sociais. Por uma sociedade comunista!

Camarada Ney, sua memória e seu exemplo estarão sempre com todos e todas nós! Viva a sua luta! Neylson para sempre, presente!