Secretaria Nacional de Mulheres do PSTU

Marcela Azevedo e Marisa Mendes, da Secretaria Nacional de Mulheres

No último dia 4, diversas organizações de mulheres e partidos políticos de esquerda convocaram um dia nacional de manifestações, exigindo o impeachment de Bolsonaro. Os atos foram convocados em pelo menos 17 capitais e dezenas de cidades do interior. Os diferentes movimentos se unificaram em torno da denúncia do aumento da fome, da pobreza e da violência machista durante o governo Bolsonaro.

Falando no ato que ocorreu em sua cidade, Claudia Durans, militante do PSTU em São Luís (MA), destacou a importância das mulheres nas lutas e na História. “As mulheres são parteiras da História e estiveram à frente da maior conquista dos trabalhadores, a revolução russa”, destacou a professora, acrescentando: “mesmo sendo final do ano, é preciso seguir mobilizando mulheres e homens para derrubar Bolsonaro e Mourão, já”.

Em São Paulo, Marisa Mendes, do Movimento Mulheres em Luta (MML), expressou a indignação com a permanência do genocida no poder e conclamou as mulheres presentes a seguirem lutando, não apenas para colocar Bolsonaro pra fora, mas, também, para ir além: construir uma revolução socialista que ponha fim à opressão e à exploração capitalista.

É possível derrotar Bolsonaro! Mobilizar é o caminho!

As mulheres têm protagonizado enfrentamentos importantes contra os governos conservadores e ultraliberais em diferentes partes do mundo. Mesmo durante a pandemia, impulsionaram greves gerais na Polônia e em Myanmar. No primeiro país para derrotar um projeto reacionário que restringia o acesso ao aborto; no segundo, para resistir a um golpe militar. Também saíram às ruas na Argentina, para garantir a legalização do aborto, e no México, para denunciar a violência crescente contra as mulheres.

No Brasil, as mulheres já expressaram sua reprovação ao projeto de Bolsonaro, antes mesmo de ser eleito, com os atos do “Ele não”. E, desde 2019, formam o setor que pior avalia a atual gestão do governo federal.  Motivos para isso não faltam, já que são as mulheres trabalhadoras e pobres das periferias, em especial as mulheres negras, que mais sentem os efeitos da pandemia e da crise, ambas agravadas pela política genocida desse governo.

Não por acaso, são imagens de mulheres negras que ficam particularmente evidentes nas cenas que mostram as filas para pegar osso no açougue ou de pessoas garimpando caminhões de lixo, desmascarando o aprofundamento das desigualdades de classe no país.

Considerando esta realidade, as manifestações de sábado foram aquém do potencial que poderiam alcançar. Não porque as mulheres trabalhadoras da cidade e do campo não queiram lutar, mas porque o desmonte das mobilizações, promovido pelas direções das grandes centrais sindicais e dos partidos de esquerda (PT, PCdo B e parte do PSOL) frearam a explosão que poderia ter acontecido.

Poderíamos ter construído um novo “Ele não”, que apontasse para uma greve geral e, assim, colocasse em pauta a derrubada imediata de Bolsonaro; mas a priorização do projeto eleitoral, com a candidatura de Lula através de uma frente ampla, tem sido uma barreira para que mulheres e homens trabalhadores se rebelem.

SAÍDA

Lutamos pelo Fora Bolsonaro e pelo fim do capitalismo!

Não dá pra esperar que as eleições mudem a nossa vida. Cada dia a mais sob este governo significa mais miséria e mortes para as mulheres trabalhadoras. Por isso, o único caminho possível é seguir lutando para colocá-lo para fora, juntamente com Mourão, Damares e seus ministros canalhas.

Contudo, sabemos que a condição das mulheres, seja em relação os índices de violência, seja em relação às desigualdades sociais, estão se deteriorando há muito tempo. Há décadas, todos os governos que passam por Brasília nada fazem de efetivo para enfrentar o problema. Mesmo os governos do PT se calaram frente a pautas históricas, como a legalização do aborto ou a criminalização da LGBTIfobia.

E isto foi assim porque sob o capitalismo é impossível por fim ao machismo. Apesar de qualquer diferença entre eles, todos estes governos, de FHC, Lula, Dilma, Temer ou Bolsonaro têm um elemento em comum: representam os interesses da burguesia. E, para manter os lucros deste setor da sociedade, é preciso perpetuar e intensificar a opressão e a exploração das mulheres.

Por isso, nossa luta por cada pauta democrática que esse sistema nos nega deve ser combinada com a luta para por fim a esse mesmo sistema. Somente destruindo o capitalismo é que vamos, de fato, enterrar o bolsonarismo e seu projeto genocida.

Somente destruindo o capitalismo, iremos poder construir as bases para a superação do machismo e de todas as formas de opressão e, assim, avançarmos para a construção de uma sociedade baseada na igualdade plena de direitos e que garanta condições dignas de vida. Lutemos pelo socialismo! Uma luta que, no momento, também passa pela construção de um Polo alternativo, com independência de classe, socialista e revolucionário!