Para se ter uma idéia de como um aumento decente do mínimo não tem nada de “irreal”, o salário mínimo em um governo pró-imperialista, como o de Juscelino Kubitschek, equivalia a R$ 1.036,10, nos dias de hoje, cerca de quatro vezes o valor atual.
Durante a ditadura militar o salário foi brutalmente arrochado, reduzido à metade da fase anterior, o que hoje equivaleria cerca de R$ 500. Veja que fantástico: Lula, que participou de campanhas contra o arrocho do salário mínimo durante a ditadura, agora, também arrocha o salário.

Os governos “democráticos” de Collor, Itamar Franco e FHC, aprofundaram o arrocho. Com a crise da dívida na década de 80 e os planos neoliberais nos anos 90, o salário mínimo decaiu aos patamares vergonhosos de hoje.

Durante a semana passada, pairava a dúvida sobre a proposta de R$ 260 do ministro da Fazenda, Antônio Palocci. A discussão era se o governo faria uma miserável concessão de dez reais, elevando o valor para R$ 270. Aí surgiram as pressões, artigos no New York Times, na Forbes, expressando as “preocupações do mercado”. Lula recuou rapidamente e bateu o martelo em R$ 260.

O jogo de pressões e contrapressões da semana passada mostra também o quanto é falso o argumento dos que defendem o arrocho do salário mínimo, para garantir a existência das pequenas empresas. Quem bancou o valor definido foram os representantes das multinacionais, onde a folha salarial não ultrapassa 10% dos custos de produção.

Post author
Publication Date