Lema da campanha dos metroviários é ‘Chega de sufoco’, por mais metrô e direitosNesta quinta-feira, 26 de maio, os metroviários de São Paulo farão assembléia onde poderão decidir a deflagração da greve já na semana que vem.

Pela manhã estaremos em várias estações, junto com ativistas e militantes de outros setores, distribuindo mais uma carta aberta para a população alertando sobre a possibilidade da paralisação e exigindo do Governo Alckmin (PSDB) mudança na mesa de negociação e na política geral de transporte para a cidade e o estado.

São Paulo vive uma crise profunda do transporte. Horas para se locomover, tarifas abusivas, trânsito parado, metrô, trens e ônibus lotados, carros e motos gastando energia e degradando o meio ambiente com graves conseqüências para a qualidade de vida e saúde da população. Conseqüência da política dos governos sucessivos do PSDB no estado e mesmo da política do governo federal, de priorizar a lógica do transporte individual para favorecer as grandes montadoras multinacionais.

Desde a posse de nossa diretoria do sindicato no segundo semestre do ano passado, a categoria buscou se colocar em defesa das suas reivindicações. Compreendendo que a única maneira de fazê-lo seria ser a vanguarda da defesa do interesse do conjunto dos trabalhadores da cidade por transporte público, estatal e de qualidade. Desde dezembro, todo mês cerca de 100.000 cartas abertas distribuídas, denunciando os aumentos abusivos das tarifas, a queda da qualidade dos serviços, os contratos sob suspeitas como da Alston e da Linha 5, etc.

Chega de sufoco! Todos juntos por mais metrô e direitos
Esse é o eixo geral da nossa campanha. Na pauta de reivindicações, a exigência de mais investimento para a ampliação da rede metroferroviária, do fim das PPP´s junto com a necessidade de contratação de mais funcionários com equiparação de direitos, reposição das perdas salariais e aumento real. Também concretizando essa concepção: melhores condições de trabalho e mais investimentos para atender melhor a população.

Marcamos presença em todas as situações onde a possibilidade de denúncia da política privatista de transporte do governo e das péssimas condições de trabalho e salário. Como o episódio da discussão sobre a estação Angélica, onde o governo Alckmin tinha recuado da construção da estação do metrô ao sofrer pressão de um setor elitista e preconceituoso de Higienópolis, que alegava que aumentaria o número de pessoas “diferenciadas” no local.

O Sindicato e a categoria se fizeram presentes no “Churrascão da Gente Diferenciada” reação criativa e bem humorada a este episódio que só expressa de maneira caricatural e grosseira a política de transporte do governo Alckmin: a definição se faz a partir dos interesses das elites e grandes empresários. Seja da indústria automobilística, das empreiteiras, especulação imobiliária ou mesmo de grupos como este setor de elite reacionária de Higienópolis.

Dados reveladores
Em 2004 o metrô transportou cerca de 699.700.000 de passageiros. Em 2009, 974.800.000 passageiros. Um aumento de cerca de 40% do número de passageiros transportados. Os funcionários, que em 2004 eram 7474, em 2009 foram para 8278. Contratação de 10% com aumento de passageiros na casa de 40%.

Os investimentos em transportes foram para obras como RodoAnel, marginal, pontes e viadutos enquanto o metro cresceu 26 km entre 2002 a 2011 (2,6 km/ano). Quando comparamos com algumas cidades do mundo fica clara a falta de investimento e a política dos governos de priorizar o transporte individual. Xangai 315 km entre 2001 a 2010 (31,5km/ano), Seul 226 km entre 1991 a 2000 (22,6 km/ano), Delhi 168 km entre 2002 a 2012, (16,8 km/ano) e Madri 167 km entre 1998 a 2007 (16,7 km/ano).

De 2004 a 2010, o orçamento do governo do estado cresceu 126%, pulando de R$ 65,7 bilhões para R$ 149 bilhões. Com uma inflação de 35% no período (IPCA) a receita cresceu, em valores reais, 70%. De 2009 a 2010, crescimento de 13%.

A empresa propôs 6,39% de reajuste quando todos sabem que os preços dispararam nos últimos meses. Orçamento aumenta em 126% e os salários dos metroviários 42,35%. Inadmissível.

Como presidente do Sindicato dos metroviários, faço um chamado em nome de nossa categoria: para mudar o caos do transporte e melhorar a qualidade de vida da população de São Paulo é preciso mais investimento para ampliar o metro e melhores salários e condições de trabalho para quem transporta a população. Essa luta é de todos. Precisamos de seu apoio e solidariedade.

Esta é a luta da defesa dos salários e dos direitos dos trabalhadores e ao mesmo tempo a possibilidade de um amplo movimento em São Paulo que mude radicalmente a situação terrível do transporte em nossa cidade priorizando o transporte público, estatal e de qualidade.

* Altino é presidente do Sindicato dos Metroviários de São Paulo