Foto: Sindicato dos Metroviários SP
PSTU-SP

Camilo Martin, diretor do Sindicato dos Metroviários de SP e militante do PSTU

O governo Doria e a diretoria do Metrô mais uma vez tentam usar a pandemia para retirar direitos. Sua máscara de “gestor preocupado com a vida” vai por água abaixo e mostra a verdadeira face de seu governo que, igual ao de Bolsonaro, só se preocupa com a defesa dos capitalistas.

Diante da dor e dificuldades que afetam a nossa classe nessa situação, enxergam uma oportunidade de passar a boiada de ataques aos trabalhadores do Metrô, retirando direitos e pavimentando o caminho para avançar na privatização e, dessa forma, seguir favorecendo as grandes empresas em detrimento dos trabalhadores.

Nesta segunda-feira (18/05), em audiência no TRT, os representantes da empresa seguiram o mesmo caminho da campanha salarial do ano passado e deixaram claro sua intransigência, mantendo uma proposta que rasga o acordo coletivo e aprofunda a corrosão dos salários, atacando a condição de vida dos trabalhadores que ao longo de todo último ano estiveram na linha de frente no oferecimento deste serviço essencial.

Diante desta situação, os metroviários decidirão hoje os próximos passos de sua luta. Hoje à noite, a categoria fará uma assembleia que poderá votar greve a partir das 00h de quarta-feira, diante da ofensiva operada por Doria e a empresa.

Foto: Sindicato dos Metroviários de SP

Para os de cima, bilhão. Para os debaixo, tostão

A situação se torna ainda mais revoltante quando os fatos desmentem de maneira explícita a justificativa do governo e da empresa “de que não haveria dinheiro” ou de que “a empresa não teria condições”.

Nas últimas semanas, a imprensa noticiou a transferência de mais de 1 bilhão de reais do governo do estado para o Metrô privado, a Via Quatro Mobilidade, vinculada à CCR. Para além disso, no orçamento que consta na LOA-2021 do estado de São Paulo, está previsto um total de 15,8 bilhões de reais para isenção fiscal para as grandes empresas. Para o Metrô estatal, pelo contrário e, a despeito do serviço oferecido, o governo se nega a oferecer qualquer tipo de subsídio, que poderia inclusive garantir a redução da tarifa para a população trabalhadora.

Essa situação demonstra, que longe de um problema técnico-financeiro, temos diante de nós a opção política de travar uma guerra social contra os trabalhadores, retirando direitos e aumentando o nível de exploração e avançando na destruição dos serviços públicos para garantir e avançar nos privilégios das grandes empresas capitalistas.

Metroviários respondem com organização e mobilização!

Diante da covardia do governo e da empresa e de sua intransigência, os metroviários têm aprofundado sua mobilização e organização nas últimas semanas. Atentos a experiência da campanha salarial do ano passado, quando só a greve permitiu uma real negociação, a categoria tem feito importantes mobilizações em seus pátios de manutenção e ocupando as ruas, como na terça-feira passada em frente ao CCO – Centro de Controle Operacional.

Junto disso, tem aprofundado uma campanha política com toda a população a partir da distribuição das cartas abertas para denunciar os ataques do governo e, por meio do uso dos coletes, avançado na campanha pela vacinação para todos, demanda fundamental em um país com mais de 430 mil mortes e com vacinação a conta-gotas enquanto o povo segue sendo empurrado para as ruas e transporte lotado para manter os lucros dos capitalistas. Um verdadeiro genocídio apoiado pelos governos de todas esferas.

Essa  situação de mobilização que assistimos em SP é parte da realidade da categoria metroferroviária em vários outros estados que têm se colocado em luta em defesa da vida e de suas condições de vida.

Todo apoio à luta dos Metroviários! Que os ricos paguem pela crise!

A situação em nosso país é dramática para nossa classe. Para os ricos, no entanto, a situação é bastante diferente e seguem aumentando suas riquezas. Enquanto temos mais de 20 milhões de pessoas passando fome no país, cerca de 10% da população – temos 20 novos bilionários. A somatória das riquezas dos bilionários brasileiros equivale ao PIB do Chile. No meio da crise capitalista, enquanto cresce desemprego, inflação e retirada de direitos, para a nossa classe – espremida entre a fome e a morte – cresce a riqueza concentrada entre os capitalistas.

Desde o início da pandemia os metroviários, como muitos trabalhadores, têm sofrido as consequências desta pandemia. Nos últimos meses a categoria sentiu o medo de ficar doente ou de contaminar seus familiares. Viveram com tristeza a perda de mais de 26 colegas de trabalho e centenas (talvez milhares) de contaminados. Sobre essa situação, a empresa se cala e sequer apresenta de maneira transparente os dados da crise. Nesse cenário e, a despeito da disposição dos trabalhadores de avançar em negociações, a empresa deixou claro sua intransigência e sua política de avançar em ataques à privatização. Realidade parecida que acompanhamos recentemente a nível federal nos Correios e Caixa Econômica Federal e, aqui em SP, na Fundação Casa.

Diante dos ataques, os trabalhadores precisam se defender. É preciso aprofundar a mobilização e organização rumo à greve. Nas próximas horas os metroviários poderão votar Greve. É dever de todos os trabalhadores se solidarizar e apoiar a luta dos metroviários porque é a expressão da luta de nossa classe nessa guerra social que os de cima estão travando contra nós. Precisamos nos unificar para nos defender e avançar na apresentação de um projeto para o país a serviço de nossa classe. O Brasil não pode continuar sendo parasitado, não pode funcionar para garantir o lucro daqueles que controlam as grandes propriedades do país, a maioria deles estrangeiros. A pandemia tem mostrado a face perversa desse sistema, onde milhões morrem ou passam necessidades enquanto outros se tornam bilionários, onde lucro dita o ritmo das vidas perdidas. Precisamos de um governo independente, dos trabalhadores e do povo pobre, preocupado em garantir os interesses do povo, um governo dos trabalhadores sem capitalistas.