PSTU São Gonçalo (RJ)

Dayse Oliveira e Danielle Bornia

Estamos no mês em que foi decretada a abolição sem reparações ao povo negro. Os escravos foram sequestrados da África em navios negreiros, os chamados tumbeiros, que vem de tumba, túmulos. Foram assim apelidados porque muitos morriam nas viagens em condições desumanas a serviço do acúmulo de capital, dos lucros da burguesia.

Governos a serviço dos empresários continuam com a pressão para a reabertura das escolas, ignorando o agravamento da pandemia e a nova variante do vírus, que é mais letal.

As prefeitura do Rio de Janeiro, Niterói e outras, por exemplo, suspenderam a vacinação dos trabalhadores da educação e demais grupos prioritários. A suspensão se deu em cumprimento à decisão do ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF).

O STF atendeu ao pedido de liminar feito pela Defensoria Pública do Rio, que alegou que o decreto não teve motivações técnicas para antecipar em sete posições a vacinação das categorias em relação ao plano de imunização. Nota-se o desrespeito pela vida de alunos, adolescentes, adultos, pais e a farsa de considerar a educação serviço essencial. Várias profissionais de educação com comorbidades estão tendo suas licenças desrespeitadas. A vida da comunidade escolar não está sendo importante. Tem que ter vacina para todos!

Essa decisão do STF e da Defensoria Pública da prefeitura do Rio é mais um capítulo da queda de braço entre a classe trabalhadora e a burguesia em torno à reabertura das escolas. A maioria esmagadora dos profissionais de educação  no Brasil atual é composta por mulheres, sendo boa parte negras, responsáveis por seus lares e por pessoas idosas das quais cuidam. O mesmo governo que tem como mantra que as escolas devem ser as últimas a fechar e as primeiras a abrir, a famigerada essencialidade, que tem por trás atacar o direito de greve. Há uma política consciente de extermínio dos setores mais explorados e oprimidos da classe trabalhadora. A educação, principalmente a pública, possui um grande contingente de mulheres, LGBTs, negros e negras. Cabe frisar que a reabertura das escolas vai aumentar a circulação do vírus e transformar as escolas em tumbeiros contemporâneos.

Matar para reduzir gastos e sobrar dinheiro para banqueiros

A política da burguesia é deixar a classe trabalhadora morrer, seja de COVID, de fome ou pela violência policial, como vimos na chacina do Jacarezinho.

Trabalhadores da educação, estudantes e suas famílias mortos fazem os governos economizarem com o pagamento e reposição de perdas de salários, aposentadorias, indenizações, como o Nova Escola do Rio de Janeiro e Abono de Permanência, que são reservado aos aposentados. Auxílio emergencial, cestas básicas, cartão alimentação também não são pagos a pessoas mortas.

Toda essa economia de dinheiro à custa da morte de trabalhadores vai para o pagamento da falsa dívida pública aos banqueiros, que em nível nacional consome mais de 40% do orçamento público. Por isso é fundamental exigir auditoria e não pagamento dessa falsa dívida pública.

Matar para reduzir os protestos

Educadores e estudantes enfrentam Bolsonaro desde o Ele Não, a Tsunami da educação e agora na greve em defesa da vida.

Desde 2011, com as greves da educação, as redes sociais fazem parte do cotidiano das lutas da educação e são utilizadas para desgastar os governos. Os trabalhadores da educação tem como amigos nas redes sociais os alunos, que passam aos seus pais as denúncias. Na educação infantil, os pais de alunos tem contato direto por telefone e whatsapp com os professores e funcionários. Na pandemia esse processo se intensificou, pois a redes sociais passaram a ser usadas como ferramenta pedagógica e principal meio de contato com as famílias. É assim que os trabalhadores da educação estão ganhando a queda de braço contra a política de Bolsonaro de reabertura das escolas, que, se vitoriosa, vai aumentar o número de mortes, inclusive de ativistas e militantes.

Essa política de extermínio dos trabalhadores também serve para reduzir as lutas e protestos. Derrotar a luta da educação abre caminho para a reforma administrativa, que vai gerar mais desemprego e reduzir ainda mais o direito à educação pública e de qualidade aos filhos da classe trabalhadora.

Como resolver a situação?

A burguesia quer acelerar o processo de privatização da educação.

Os governos burgueses sucatearam e privatizaram quase toda a saúde. Agora, em plena pandemia, querem lucrar com as vacinas e a morte de trabalhadores.

É necessário quebrar as patentes das vacinas para baratear e acelerar a vacinação para reduzir as mortes e começar a vencer o COVID-19. Enquanto não houver vacina para todos e controle da pandemia, as escolas devem permanecer fechadas em defesa da vida! Vamos dar um basta e fazer um chamado a uma Greve Geral Sanitária pelas vidas, emprego e renda! Temos que botar pra fora Cláudio Castro, Bolsonaro e Mourão já! São machistas, racistas, lgbtfóbicos, contra os trabalhadores e a serviço dos grandes empresários.

O papel do reformismo na greve

A CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação), dirigida pelo PT, PCdoB, CUT e CTB não está unificando a luta da educação em nível nacional. Fazem isso para preservar os compromissos com os governadores do PT e PC do B, que estão reabrindo as escolas, implementando a mesma política de Bolsonaro.

Por isso, é necessários fortalecer a CSP-CONLUTAS como um projeto alternativo de organização sindical e popular da classe trabalhadora.

Outras pandemias virão, a crise econômica segue, gerando desemprego, fome e miséria. Nosso objetivo estratégico deve ser uma Revolução Socialista, que coloque abaixo o capitalismo genocida e construa uma sociedade sem exploração, sem machismo, lgbtfobia e sem racismo. Uma sociedade verdadeiramente a serviço da vida da maioria, uma sociedade socialista.