Os debates congressuais se iniciaram com o presidente Lula defendendo a escolha de Luiz Marinho, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, como o próximo presidente da CUT.

O governo, portanto, começou seu mandato interferindo na corrente majoritária da central, para definir o Presidente da CUT. O significado político dessa proposta é o de “enquadrar a CUT” dentro dos marcos e objetivos do governo.

Não é casual que, apesar da deliberação da Executiva Nacional da CUT pela realização de uma campanha salarial de emergência para repor aos salários a inflação dos últimos meses, Marinho tenha declarado sua oposição à realização desta campanha, com argumentos iguais aos do Ministério da Fazenda, ou seja, “reajuste gera inflação”.
Esta atitude é coerente com a prática de parceria com o capital e de defesa da flexibilização dos direitos, que marcaram a atuação de Marinho à frente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

A postura da CUT, frente à proposta de reforma da Previdência, tem sido um desastre. O atual presidente, João Felício, que é professor, chegou a declarar que a CUT faria greve se algum setor ficasse fora do sistema único. Dito de outro modo, a CUT faria greve se o funcionalismo mantivesse o seu direito à aposentadoria integral. Marinho foi ainda mais longe: defendeu integralmente a reforma proposta pelo governo, incluindo a cobrança de contribuição previdenciária dos inativos do serviço público.
A CUT se calou diante do aumento da meta de superávit primário e do corte de verbas da área social e, ainda por cima, a direção da central resolveu integrar o CDES.
A outra cara dessa política são as tentativas de atacar mais e mais a democracia da central. As eleições de delegados em várias categorias dirigidas pela Articulação, como metalúrgicos de Taubaté e do ABC, demonstram a disposição da direção majoritária de construir uma central monolítica, sem espaço para opositores ou críticos à sua política.

Post author Américo Gomes,
de São Paulo
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