Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

O serviço de trem no Rio de Janeiro é notícia quase todos os dias na impressa da cidade e do estado. Infelizmente, não por boas razões. Há atrasos todos os dias, os vagões estão sempre lotados, os trens são velhos, as estações não oferecem as mínimas condições para acomodar os passageiros enquanto esperam pelo transporte. Os trabalhadores recebem salários irrisórios, há constantemente acidentes em que trabalhadores, usuários e até mesmos transeuntes são vítimas, não raramente vítimas fatais.

Pois bem, esse que é um serviço de péssima qualidade vai ter um novo reajuste. O preço da passagem passará para R$7,40 a partir dessa quinta-feira (2). É um Roubo. Cláudio Castro e a Assembleia Legislativa, ao autorizarem mais esse aumento, só deixam claro que estão a serviço dos patrões e grandes empresários e contra a população e os trabalhadores que dependem do transporte.

Em uma tentativa de camuflar o aumento das passagens, aqueles que tiverem um cartão Riocard Mais habilitado no Bilhete Único Intermunicipal (BUI) e vinculado ao próprio CPF continuarão pagando R$5,00 pela passagem de trem, a diferença de R$ 2,40 em cada viagem – e que pode chegar a R$ 105,6 no mês (por passageiro) – será paga pelo governo do estado. Os trabalhadores que têm o cartão Vale-Transporte devem procurar o setor de recursos humanos da empresa em que trabalham para pedir o benefício.

Ou seja, em vez de impedir a subida do preço das passagens, o governo vai subsidiar uma parte dela (a daqueles que têm esses cartões) e garantir à empresa que tenha lucros, mesmo prestando um péssimo serviço.

O serviço de trens do Rio de Janeiro precisa passar por uma completa reformulação. É preciso investimento em novas linhas, é preciso mais trens para que a população não passe 20, 30 minutos esperando, às vezes mais de uma hora. É preciso que as estações tenham condições minimamente humanas para receber os passageiros, bancos, cobertura, banheiros.

Os trabalhadores do serviço de trem precisam ser valorizados, receber um salário digno, ter estabilidade no emprego, horários de trabalho razoáveis. É preciso garantir um preço de tarifa acessível a toda a população, com garantia de gratuidade para os desempregados. A iniciativa privada já demonstrou que não é capaz de oferecer nada disso; para as empresas, o que importa é o lucro, que se dane o passageiro, o trabalhador e a população em geral.

A estatização do serviço de trens, controlada pelos usuários e trabalhadores poderia resolver boa parte desses problemas. Uma auditoria séria nos serviços da atual empresa prestadora de serviço, com certeza, garantiria o retorno de muitos milhões de reais para os cofres públicos. A taxação das grandes fortunas de nosso estado (São 17 bilionários só no estado do Rio de Janeiro) daria recursos para investir na melhoria do serviço de trens, tão importante para a nossa cidade.