Silvana Rackow Osório, 35 anos, foi morta por ex-marido que não aceitava o fim do relacionamento

 
A trabalhadora dos Correios Silvana Rackow Osório, 35 anos, foi assassinada a tiros em sua casa na cidade de Viamão (RS), na última teça-feira, 17, pelo ex-marido, Edson Goulart Lima, 22 anos. Após assassinar Silvana, Edson se matou. A principal suspeita do motivo do assassinato é que ele não aceitava o fim do relacionamento. Silvana já tinha registrado queixa contra o ex-marido.
 
Silvana estava em greve com seus colegas, lutando por condições dignas de trabalho e melhor salário, numa empresa em que as mulheres são, além de oprimidas, exploradas e assediadas moral e sexualmente, inclusive pelas chefias. Isso garante impunidade, pois os chefes têm as “costas quentes”, com inúmeras vantagens e benefícios que os trabalhadores, em geral, não têm, principalmente as mulheres. Além disso, em Correios, existe um ataque às mulheres referente à possibilidade de retirada do auxílio-creche. As mulheres vêm se organizando para barrar este ataque.
 
Violência machista aumentou
Os assassinatos às mulheres têm aumentando absurdamente, e não vemos políticas do governo e da presidente Dilma Rousseff (PT) para acabar com esta brutal realidade. No dia 7 de agosto, a Lei Maria da Penha completou seis anos. Trata-se, sem dúvida, de uma importante vitória do movimento feminista brasileiro, que durante muito tempo lutou para que o Estado brasileiro reconhecesse o machismo e os seus crimes, assim como o dever do poder público de proteger e amparar as mulheres vítimas de violência. Porém uma lei que não ganha investimentos acaba por virar letra morta e peça de publicidade.
 
Todas as pesquisas apontam um dado alarmante: seguem crescendo os homicídios e as agressões em geral contra as mulheres. Inversamente, vemos o orçamento da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) encolher. Em 2011, dos míseros R$ 114,4 milhões destinados à pasta, apenas R$ 47,4 milhões foram desembolsados. Já para este ano, a dotação da SPM diminuiu para R$ 107,2 milhões, dos quais, certamente, apenas uma fração será utilizada. A parte economizada deverá compor o superávit primário, engordando ainda mais os cofres dos bancos na forma de pagamento de juros e amortização da dívida pública.
 
É inadmissível que, com uma presidente mulher, tenhamos de nos deparar com esta realidade alarmante, em que as mulheres estão inseridas. Dilma, em seu discurso eleitoral, utilizou o fato de ser mulher e a necessidade de lutar contra o machismo e a violência à mulher. Porém, após se eleger, a violência continua avançando. O número de mulheres estupradas e assassinadas continua crescendo. 
 
Oprimir para explorar
Tudo isso faz parte de um debate político fundamental: Dilma escolheu governar para a burguesia, investir nos empresários e não em políticas públicas. O sistema capitalista anda lado a lado com o machismo, pois as empresas se utilizam dele para oprimir, explorar e lucrar ainda mais com as mulheres, que ganham até 50% menos que um homem na mesma função.
 
Em Correios, as mulheres sofrem uma pressão intensa por parte das chefias para carregarem acima do peso mínimo de carga (oito quilos), para que façam horas-extras, trabalhem aos sábados, cumpram metas. Enfrentam, ainda, pressões e retaliações quando seus filhos adoecem e precisam de acompanhamento médico. Agora, mais um ataque está por vir, o auxílio-creche.
 
Todas e todos contra os patrões
Esta não é uma luta somente das mulheres. É necessário que os homens da classe trabalhadora se somem a essa luta contra o machismo que mata todos os dias. É preciso construir uma nova sociedade, uma sociedade socialista, onde homens e mulheres possam se libertar das amarras do capitalismo, e o lucro não esteja à frente de milhares vidas.
 
Continuaremos nesta luta, levantando nossas bandeiras feministas classistas, ao lado dos homens da classe trabalhadora. Estaremos lutando por Silvana e por todas as mulheres trabalhadoras, pelo fim do machismo. Só assim vamos garantir vitórias e acabar com o machismo.
 
Silvana, presente!