No último dia 2 de março, teve larga repercussão na imprensa brasileira a declaração de Lula dizendo que pretende enviar ao Congresso uma lei que proíba greves em alguns setores que chama de “essenciais”.

Lula disse que somente um ex-sindicalista pode impor restrições a greves. Entretanto, é exatamente o contrário: vindo de um ex-operário, que já liderou greves importantes no país, essa intenção é um escândalo inaceitável. Por ter origem entre os trabalhadores, Lula acredita que pode enganá-los mais facilmente, aproveitando-se na esperança de anos depositada em sua figura.

Mesmo do ponto de vista jurídico, seria ilegal qualquer medida nesse sentido, pois a Constituição Federal assegura esse direito. Entretanto, ainda que não houvesse esse obstáculo, a postura de Lula não seria menos imoral e brutal contra os trabalhadores.

São as mobilizações – incluindo as paralisações e greves – que garantem algumas conquistas parciais para os trabalhadores. Com a ilegalidade da greve, os mesmos teriam de se submeter às péssimas condições de trabalho e ao arrocho salarial.

Em vez de tentar proibir greves, o presidente deveria reajustar os salários dos trabalhadores. As greves são uma ferramenta legítima de luta da classe trabalhadora e que deve ser usada sempre que essa quiser lutar contra a exploração e arrancar conquistas para si.

Proibição faz parte do pacote das reformas
A declaração de Lula num período próximo à visita de Bush tranqüiliza o imperialismo, sinalizando que as políticas neoliberais estão sendo devidamente seguidas. Caso seja aprovada, a restrição a greves antecipa um dos pontos cruciais da reforma sindical e trabalhista, que Lula sabe que não conseguirá aprovar de conjunto sem enfrentar uma forte resistência por parte dos setores organizados do movimento.

Uma ampla unidade vem se construindo em torno à luta contra as reformas. O Encontro Nacional do dia 25 de março, chamado pela Conlutas, tem recebido a adesão de novos setores a cada semana. O encontro deverá definir um plano de ação unificado, colocando na ordem do dia a necessidade de derrotar os planos do governo.