A juventude e os trabalhadores unidos contra a precariedade e a exploração: Greve geral até a revogação do CPE e do CNE!
De 29 de maio de 2005 a 18 de março de 2006, a luta de classes passou das urnas às ruas. A cólera da juventude e dos trabalhadores contra mais de 20 anos de uma política que reforça a miséria e a precariedade, 20 anos de regressão social, está explodindo no país inteiro. A luta de classes está numa encruzilhada decisiva. Ela concentrou-se no CPE (Contrato Primeiro Emprego) e no CNE (Contrato Novo emprego), dois contratos que levam consigo a liquidação dos direitos trabalhistas e trazem uma precariedade perpétua. A onda operária e popular do 29 de Maio que rejeitou firmemente nas urnas esses 20 anos de destruição de conquistas sociais na Europa capitalista, dizendo não à Constituição Européia, está hoje varrendo as ruas.
Um milhão de estudantes e assalariados foram às ruas no dia 7 de Março. Em 16 de Março, foram mais de 500 mil secundaristas e universitários. E, no dia 18 de Março, trabalhadores e jovens realizaram uma mobilização massiva de 1,5 milhão de pessoas no país inteiro. As mobilizações contra o CPE transformaram-se numa onda gigante e nada parece capaz de detê-las. Ainda menos a repressão policial implacável que mostrou à toda juventude o verdadeiro rosto da “democracia”: ou seja, uma brutalidade a serviço dos privilegiados, e uma violência de Estado como resposta a uma juventude que quer retomar seu destino nas mãos.
A pesar das férias escolares, os campi mergulharam, um após o outro, na greve. Algumas universidades, como em Rennes, estão em greve há mais de seis semanas. Em todos os lugares, assembléias gerais e passeatas se massificam. A clareza das palavras de ordem (“Retirada do CPE! Revogação do CPE e CNE e da lei sobre as igualdades de oportunidades!”) mostra a determinação da juventude e dos trabalhadores que querem ir até o final, conservando a unidade! Apesar das tentativas das burocracias de dividir o movimento (por isso chamaram dois dias distintos para mobilização), a junção entre os trabalhadores e os estudantes, entre os trabalhadores de hoje e os de amanhã, realizou-se, em defesa de interesses comuns. “Estudantes, assalariados: todos precários! Todos solidários!”, é uma das palavras de ordem que se podia ouvir em todas as passeatas.
Aprendizagem “Junior” + diplomas rebaixados + estágios + CPE+CNE = precariedade para vida inteira
A juventude e os trabalhadores se levantaram para defender suas conquistas, e para dizer NÃO, num reflexo de sobrevivência, a um futuro de precariedade eterna. Recusaram ser responsabilizados pelo desperdício de uma sociedade capitalista que, em nome do lucro de alguns, força a esmagadora maioria “adaptar-se” à miséria. A burguesia quer expulsar os mais vulneráveis dos bancos da escola, a partir dos 14 anos, e mandá-los, em aprendizagem (sem remuneração) à fábrica, como no século passado; quer massificar estágios sem perspectiva, pouco ou não remunerados, que negam diplomas (agora descartáveis); e quer demitir trabalhadores a qualquer momento (no CPE, o governo tem o cinismo de chamar de “período de consolidação” os dois anos de precariedade absoluta!). Todas essas políticas de precariedade são absolutamente necessárias à burguesia para garantir sua taxa de lucro, porque permitem reduzir de todas as maneiras o custo da força de trabalho. A partir dai, todas as conquistas trabalhistas ou sociais que garantem um estatuto, um salário e condições de trabalho decentes, todas essas conquistas são vistas como empecilhos no caminho do lucro. A destruição do código do trabalho, brutalmente iniciada com o CPE e o CNE, é a chave de ouro das políticas anti-jovens e anti-operárias.
Os jovens terão de agora em diante: estágios miseráveis, combinados ao CPE e depois ao CNE, que é aplicado depois dos 26 anos. Quer dizer, uma promessa de precariedade para vida inteira. O nível de estudos não dará mais nada. Porque a reforma do ECTS/LMD prepara o terreno para precarizar os estudos. Quebrando o conteúdo nacional dos diplomas, essa reforma acaba com o vínculo dos diplomas às convenções coletivas e ao código do trabalho; acaba com a garantia que esses diplomas davam a um jovem que vendia sua força de trabalho ao patrão. O diploma se torna um papel descartável que não garante nem CDI (Contrato de Duração Indeterminada), nem direitos, nem estatutos!
Greve geral agora, até a revogação
A amplitude e a determinação das mobilizações provocaram um certo grau de pânico nas direções sindicais burocráticas e nos partidos ditos de “esquerda”. Abalados nas urnas pelo voto de classe do 29 de Maio, estão hoje apavorados. Eles foram surpreendidos pela força da luta de classes: pois é, desta vez, a juventude e os trabalhadores não vão se satisfazer com o mero voto!
Amedrontados pelo movimento de massa que está abalando os aparatos, as direções sindicais se esforçam muito para evitar o enfrentamento, e proporcionar uma saída a Villepin. Depois da passeata do dia 18, quando as massas estavam dispostas a ir até o final, o prazo de 48 horas dado pareceu uma última e desesperada tentativa para ganhar tempo. Para a burocracia sindical, não se trata de um ultimato, mas sim de conter o movimento de massa o máximo possível, inclusive com a tática de dispersar o movimento em jornadas de ações isoladas! Pressionados pela mobilização que leva consigo a derrubada do governo, os burocratas sindicais tentam fazer “um chamado solene” a Chirac: isso constitui na verdade um último esforço para manter os inimigos dos jovens e dos trabalhadores no poder!
Os partidos de “esquerda”, espantados pelo poder das ruas, ficaram procurando, na confusão, soluções para salvar Villepin e as instituições agonizantes. Para Marie-George Buffet (Partido Comunista) é “a virtude da negociação” que faltou a Villepin: em outras palavras, segundo ela, devia, previamente, ter negociado a miséria dos jovens e a destruição dos direitos trabalhistas, em vez de impô-los rápido demais! Quanto a Hollande, ele chama a suspender o CPE durante um ano, quer dizer até 2007! Para a burguesia e seus representantes, tudo vale para obter a “tranqüilidade”, e preparar as eleições de 2007, para poder continuar a aplicar a mesma política. Eles têm que salvar a qualquer custo o que os trabalhadores e os jovens não querem mais!
Mas os trabalhadores e a juventude não são bobos. Mais do que nunca, as mobilizações demonstraram que, nessa batalha, eles só podem contar com as suas próprias forças, para defender até o final seus interesses de classe. Hoje, frente a um ataque tão grave contra as conquistas sociais e operárias, a única perspectiva para conseguir a vitória, é, sem demorar mais um minuto, a greve geral até a revogação sem condições da lei de “igualdade de oportunidades” e do CNE! A unidade das lutas para derrubar a lei do governo será realizada através da organização de uma passeata nacional em Paris.
JUVENTUDE, TRABALHADORES: GREVE GERAL ATÉ A REVOGAÇÃO DA LEI DE IGUALDADE DE OPORTUNIDADES E DO CNE!
ORGANIZAÇÃO DE UMA PASSEATA NACIONAL UNITÁRIA EM PARIS!
EM DEFESA DO CÓDIGO DO TRABALHO E DAS CONVENÇÕES COLETIVAS!
FOR A CHIRAC E VILLEPIN!
UM GOVERNO DOS TRABALHADORES, POR E PELOS TRABALHADORES!
Paris, 20 de Março 2006
Grupo Socialista Internacionalista
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