Durante os 4 dias da acampada jovens ativistas da Espanha trocaram experiências políticas e fizeram um produndo estudo da teoria marxista

Entre os dias 30 de julho e 02 de agosto, aconteceu a Acampada de Corriente Roja, seção da Liga Internacional dos Trabalhadores no Estado Espanhol. 

A atividade ocorreu em Navarredonda de Gredos, na província de Ávila, e contou com mais de setenta jovens. Além de ativistas da Catalunha, Andaluzia e Madri, estiveram presentes Adriano Lotito, camarada do Partido da Alternativa Comunista, seção italiana da LIT, e nós da juventude do PSTU.

Para a juventude do PSTU foi um grande orgulho ter participado da Acampada de Corriente Roja. Foram quatro dias de intensa troca de experiências políticas e profundo estudo teórico marxista. Sem dúvida, aprendemos muito com nossos companheiros e companheiras europeus. 

A atualidade da Revolução 

Como acabar com a barbárie capitalista? Gradualmente, através da busca de uma hegemonia parlamentar e da conquista de reformas progressivas? Por meio de uma revolução, a partir da ação direta de milhões de trabalhadores e jovens?

Essa polêmica foi o centro dos primeiros debates da acampada, voltados à questão teórica sobre Reforma e Revolução, as duas estratégias que separam os socialistas do início do século XX até os dias de hoje.

Desde 2007, a crise econômica internacional vem demonstrando a verdadeira natureza do capitalismo, um modo de produção baseado na apropriação por uma pequena parcela da sociedade, a burguesia, da exploração da força de trabalho de bilhões de pessoas, o proletariado. 

A realidade do continente europeu é um enorme exemplo disso. Os planos de austeridade, aplicados especialmente pelos governos do Estado Espanhol, de Portugal e da Grécia, estão destruindo as condições de vida e o futuro de seu povo.

A Troika, os patrões e os políticos da ordem massacram o povo com desemprego, rebaixamento dos salários, retiradas de direitos sociais e trabalhistas e duros cortes de verbas nas áreas sociais, como saúde, educação e previdência. 

A Dívida Pública é uma forma de saquear os recursos financeiros dos países, ou seja, de roubar os impostos pagos pelos trabalhadores. Tudo isso com o objetivo de salvar o lucro do capital financeiro e das grandes corporações empresariais.

Hoje em dia, está mais evidente a impossibilidade de alcançar reformas progressivas duradouras, que garantam estabilidade e ascensão social à maioria da população. As instituições do regime democrático estão, cada vez mais, autoritárias e controladas pelo poder econômico. 

Não existe, portanto, condições políticas e materiais para viabilizar o projeto estratégico reformista. A única saída realista está na capacidade dos trabalhadores e da juventude tomarem o poder das mãos dos capitalistas e colocarem as riquezas da sociedade a serviço da emancipação da maioria do povo.

A juventude precária: oprimida e explorada

As discussões acerca da relação entre a exploração capitalista e as diversas formas de opressão também esteve presente na acampada. A juventude é o setor mais afetado pelos planos de austeridade e, dentro dela, os imigrantes e as mulheres são as parcelas que mais sofrem. 

O índice de desemprego, por exemplo, é qualitativamente superior na juventude, chegando a 50% em alguns países europeus. As novas gerações não conseguem se matricular no ensino superior e aqueles jovens que já tem formação profissional não encontram empregos em sua área. 

A juventude precária, particularmente as jovens mulheres e os imigrantes, está nos piores postos de trabalho, com contratos temporários e sem direitos trabalhistas. 

Dessa forma, podemos identificar que o machismo e a xenofobia não passam de ideológicas dominantes, que dividem a classe trabalhadora européia e permitem a superexploração de milhares de jovens, mulheres, africanos e árabes. 

União Européia: máquina de guerra contra os trabalhadores e a juventude

As mesas e os grupos de discussão da acampada analisaram, igualmente, a atual situação política da Europa, marcada pela traição do novo governo grego, comandando pela coalizão de esquerda Syriza. 

A tentativa de acabar com a austeridade sem parar de pagar a Dívida Pública e romper com o euro se provou um fracasso. Ao invés de preparar a ruptura com a União Européia, Alexia Tsipras preferiu negociar com a Troika e implementar um 3º memorando, estendendo a austeridade.

A União Européia não é uma instituição neutra, pois ela representa a associação do imperialismo europeu, em nome dos interesses, sobretudo, dos bancos alemães e franceses. 

Assim, é uma utopia acreditar que a União Européia pode ser reformada. Ela é, na verdade, uma máquina de guerra contra os trabalhadores e a juventude dos países mais pobres da Europa. 

Construir nas lutas uma alternativa política revolucionária

No encerramento da acampada, todas as intervenções do espaço reafirmaram a necessidade de construir uma alternativa revolucionária, que unifique jovens e trabalhadores na batalha pelo socialismo. 

Os jovens ativistas brasileiros, assim como nós fizemos na acampada de Corriente Roja, devem tirar conclusões estratégicas da capitulação do governo Tsipras, pois a nova cara do reformismo não se expressa apenas na Grécia. 

O Podemos espanhol, partido de Plabo Iglesias, é parte do mesmo fenômeno que Syriza e já vive um giro à direita, mesmo antes de ganhar as eleições. No Brasil, o PSOL também reivindica o projeto do Syriza e do Podemos, assumindo uma perspectiva eleitoral de transformação da sociedade. 

No Estado Espanhol, no Brasil e em todos os continentes, a juventude precisa, todavia, se vincular ao projeto da Revolução. O nosso direito ao futuro depende disso!