Foto: Deyvis Barros
Rebeldia - Juventude da Revolução Socialista

Nos dias 14 e 15 de abril fomos ao Conselho Nacional de Entidades Gerais da UNE. Esse Coneg tinha principal tarefa chamar o próximo CONUNE, votar seu regimento e também resoluções de Conjuntura, Educação e Movimento Estudantil. O espaço estava bem cheio, mostrando a disposição de luta do movimento estudantil, mas também refletiu os desafios que teremos, principalmente face à direção majoritária da UNE, composta pela UJS, Levante Popular da Juventude e as juventudes do PT.

Precisamos de um movimento estudantil independente que se enfrente com o governo e a ultradireita!

Nos últimos anos, os estudantes já demonstraram sua disposição de lutar contra os golpistas e a ultradireita, e agora, em 2023, também a disposição de levar adiante o grito de “Sem Anistia”. Agora, a juventude também demonstra sua disposição de luta nas manifestações pelo país inteiro contra o Novo Ensino Médio. O NEM, como temos debatido ao longo dos artigos nas últimas edições do Opinião Socialista, é um projeto nefasto que vai aprofundar a desigualdade social, e que representa uma grande ameaça privatista à educação pública.

Os que defendem o NEM são as empresas como Ifood, os bilionários do país, como Jorge Paulo Lemann, e as fundações empresariais da educação, como a Fundação Lemann e a Todos Pela Educação. No entanto, ao lado de todos eles, também está o governo Lula, que sequer cogita a possibilidade de revogar o NEM. Se queremos defender a educação pública e derrotar os privatistas e as empresas, a primeira coisa é não sentar com todos eles para defender o mesmo projeto.

É por isso que dizemos que o movimento estudantil precisa de independência, e que não pode ser um braço do governo entre os jovens e estudantes. Como vamos lutar contra o governo que nos ataca, se estamos atrelados a esse mesmo governo? No Coneg, a ala majoritária defendeu que devemos reconstruir o Brasil com Lula, e não houve nenhuma crítica em relação ao que o governo tem feito sobre o NEM. Como vamos reconstruir o país com um governo que ajuda a implementar os planos dos ricos, de criar uma “reforma trabalhista da Educação”? Não é isso o que é justamente mantém o Brasil numa posição cada vez mais subordinada ao imperialismo e com a juventude com empregos piores, e uma educação mais destruída?

Uma ex-vice-presidente da UNE, que hoje ocupa um cargo na SNJ (Secretaria Nacional de Juventude do governo Lula), disse no Coneg que a SNJ é a UNE, e que a UNE é a SNJ. Além disso, a majoriária é composta pelas juventudes de partidos como o PCdoB (como é o caso da UJS) e do próprio PT, que fazem parte orgânica do governo Lula, que é quem está aplicando os ataques aos estudantes do país inteiro. Se os estudantes precisam de uma UNE que possa levar adiante nossas lutas, isso significa que precisamos de uma UNE que tenha independência de todo e qualquer governo. A UNE não pode “ser” a SNJ ou um órgão extraoficial do governo.

Retomar os métodos da democracia operária: contra a burocratização do ME!

A poucos dias do Coneg, saiu uma nota da Oposição de Esquerda denunciando manobras da Majoritária acerca da fundação relâmpago de vários DCE’s, processo que os próprios estudantes da base das universidades não ficaram sabendo. Essa não foi uma grande surpresa para nós ou mesmo para o Movimento Estudantil no geral. Na história recente da entidade, sempre acontecem muitas denúncias, de todo tipo, acerca de fraudes e formas burocráticas e aparelhistas por parte da Majoritária.

Esses métodos antidemocráticos, infelizmente, foram vistos por todos aqueles que participaram do espaço. Um exemplo foi quando a UJS puxou e rasgou uma faixa do DCE da USP para colocarem a faixa deles, momento em que uma briga física e agressões que poderiam ter sido graves se não tivessem separado. Nós não compactuamos com o método de impor a grito e agressões as coisas no movimento estudantil.

Não tem como sermos vitoriosos em nossas lutas se não cumprirmos aquilo que é um princípio inegociável, a democracia no movimento. O método do “vale tudo” para ganhar, muito aplicado pela Majoritária, replica a lógica da democracia burguesa e dos políticos burgueses, que utiliza todo e qualquer método para se manter no poder. Nós não achamos que “vale tudo”: gritar, ofender, agredir, desrespeitar a opinião dos estudantes. Tudo isso atenta contra a nossa organização e nossas lutas.

Vamos ao CONUNE para defender essas ideias, e queremos que você vá com a gente!

O Rebeldia tem feito um chamado aos estudantes de todo o país, de que precisamos organizar nossa luta ao redor de 7 pontos mínimos, que expressam as lutas mais urgentes do Movimento Estudantil nesse momento:

1) Em defesa da permanência estudantil, e do direito dos jovens pobres, trabalhadores, mulheres, negros, LGBTs e indígenas de permanecer estudando!

2) Contra a privatização da educação e a ingerência das empresas nas escolas e universidades!

3) Lula, revogue o NEM já!

4) Sem anistia para golpistas! Punição para Bolsonaro e a ultradireita!

5) Por um ME independente dos governos e reitorias!

6) A luta do ME só será vitoriosa se travada com a classe trabalhadora: viva a aliança dos estudantes, jovens e trabalhadores!

7) Por um ME antiburocrático, que respeite a voz e a opinião dos estudantes!

Chamamos você a se incorporar na defesa desses 7 pontos com a gente. Estamos nas escolas e universidades apresentando essas ideias para os jovens, venha com o Rebeldia!