Manifestantes fecham rodovia em Sergipe, aonde a Greve Geral foi mantida
Mariucha Fontana

 As cúpulas das maiores centrais, especialmente a CUT e a Força Sindical, suspenderam sem qualquer consulta às bases e sem participação da CSP-Conlutas, a Greve Nacional que estava marcada para o dia de hoje, 5 de dezembro. Mais uma vez, as cúpulas maiores centrais, especialmente a CUT e a Força Sindical, traem os interesses dos trabalhadores e, objetivamente, dão fôlego a esse governo corrupto para arrancar nossos direitos.

Desta vez suspenderam na sexta-feira a Greve Nacional pela imprensa, sem sequer consultar suas bases e sem nem mesmo reunir todas as centrais que convocaram a Greve Nacional, como a CSP-Conlutas, que não só não participou de tal decisão, como em nota repudiou a medida e chamou a manter a mobilização. Essa atitude da Força e da CUT se dá num momento em que a mobilização avançava, com a adesão dos setores de transportes, com vitória do funcionalismo na Justiça derrubando a campanha do governo na TV, com a repercussão dos escrachos e manifestações contra deputados e políticos, e com a dificuldade do governo em conseguir os 308 votos para aprovação da reforma. A atitude das cúpulas das centrais ajuda a dar fôlego ao governo para se rearticular e seguir na compra de votos para tentar aprovar a reforma da Previdência.

Neste fim de semana, o governo liberou mais alguns bilhões para comprar prefeitos e deputados e agora promete votar a reforma entre os dias 12 e 13 de dezembro, em mais um ataque aos trabalhadores e à maioria do povo em prol do “mercado” (banqueiros, grandes empresários e ruralistas), que junto com os políticos corruptos, são os verdadeiros privilegiados deste nosso país.

De “enxuta” essa versão da reforma da Previdência não tem nada. Em muitos sentidos consegue ser muito pior que o projeto apresentado no primeiro semestre. Nesta versão da reforma, além de impedir a maioria dos trabalhadores pobres de se aposentar através dessa idade mínima, ao mudar a regra de cálculo vai confiscar em bem mais de 20% as aposentadorias daqueles que tiverem 35 anos de contribuição e em mais de 30% aqueles que tiveram a idade mínima e 15 anos de contribuição.

Manifestação em Salvador (BA) nesse dia 5

Mas, desta vez, em muitos estados e em inúmeras categorias, os sindicatos e as bases atropelaram as cúpulas das centrais e mantiveram greves e manifestações. Inclusive foi mantida a Greve Geral em alguns estados, como Sergipe, Paraíba e Maranhão. A revolta das bases e muitos sindicatos com mais essa atitude desmobilizadora da cúpula das principais centrais é grande e a manutenção de paralisações, assembleias e manifestações por muitos deles, demonstra que estamos avançando na experiência e capacidade de criar condições para passar por cima dessas cúpulas que não nos representam.

Por trás dessa atitude nefasta da CUT, da Força e de outras centrais, tem também uma política do PT de fazer corpo mole perante a reforma, deixando que Temer faça o serviço sujo agora; ou do Solidariedade, do Paulinho da Força, que, além de tudo, é da base do Temer, dando votos a esse governo para sufocar as denúncias de corrupção, fazer a reforma trabalhista e também faz parte dos acordos pela reforma previdenciária.

Protesto em São Luís (MA) nesse dia 5

Mas, apesar dessas centrais, haverá um dia de luta mais forte do que estas cúpulas queriam. É preciso que mantenhamos a mobilização. Nas paralisações, assembleias nos locais de trabalho e nos atos que estarão acontecendo em todo o país no dia de hoje, é preciso votar parar e chamar a paralisação de maneira geral todos os trabalhadores, com ou sem a cúpula das maiores centrais, na semana que vem, se for anunciada a votação da reforma como quer o governo.

Não vamos deixar a reforma da Previdência passar! Fora todos eles!

Vamos aproveitar as manifestações de hoje e enviar também a solidariedade dos trabalhadores e do povo brasileiro à juventude, aos trabalhadores e o povo de Honduras que estão protagonizando um levante popular contra um golpe com decretação de Estado de Sítio, dado pelo governo que pretende impor uma fraude eleitoral.