CSP Conlutas

Central Sindical e Popular

2023 é um ano histórico para os trabalhadores e trabalhadoras dos Estados Unidos. A onda de greves, que já é a maior em 50 anos, foi reforçada nesta sexta-feira (15). Organizados pelo UAW (United Auto Workers), funcionários da GM, Ford e Stellantis deflagraram uma greve unificada em defesa de direitos e melhores salários.

Esta é a primeira vez, em 88 anos de história do UAW, que representa operários de montadoras, que uma greve atinge simultaneamente as três principais fabricantes de automóveis do país. Juntas, elas fabricam mais da metade de todos os 15 milhões de veículos vendidos anualmente.

Hoje, são quase 13 mil trabalhadores de braços cruzados e que deverão interromper a fabricação de 24 mil carros por semana. No entanto, o plano é que a mobilização cresça nos próximos dias e avance sobre os 150 mil trabalhadores de montadoras, tornando-se uma greve geral no setor.

O movimento dos metalúrgicos vai de encontro ao espirito da classe trabalhadora estadunidense neste ano. Em agosto, os EUA já tinham vivenciado 900 processos de greve. Entre estes, destaque para a maior greve na história do serviço postal norte-americano e a greve da indústria de entretenimento em Hollywood com adesão de 175 mil profissionais.

Reivindicações

Amargando perdas salariais desde a crise econômica de 2008, os trabalhadores de montadoras exigem 46% de reajuste e que os aumentos sejam correspondentes aos dos diretores executivos das emrpesas. Até o momento, A Ford e a GM oferecem um aumento de 20% durante a vigência do contrato, e a Stellantis oferece 17,5%.

Há também a reivindicação do retorno dos planos tradicionais de pagamento de pensões e cuidados de saúde aos aposentados para todos os membros do UAW. Os contratados antes de 2007 ainda contam com esses benefícios, mas a maioria dos que ganham por hora, não. Também é exigido ajustes de custo de vida para proteger os trabalhadores da inflação.

Entre as reivindicações ainda estão: eliminar as duas faixas de salário e benefícios para novos contratados, autorização de greve em fechamentos de fábricas, semana de trabalho de 32 horas, paga como 40 horas, plano de saúde de pensão e aposentadoria para todos os trabalhadores e condições gerais de contrato em de joint ventures de veículos elétricos.

Momento histórico

Os marcos históricos atingidos neste ano na luta dos trabalhadores nos EUA apontam para o ápice do reavivamento do sindicalismo. O sinais já podiam ser notados em 2022, quando foi registrado um aumento de 50% em trabalhadores que se envolveram em greves, comparado ao ano de 2021.

As greves também mostraram a verdadeira face do governo de Joe Biden, que apesar de se auto declarar “pró-trabalhadores” apelou ao Congresso, em dezembro do ano passado, para desmontar uma greve de 155 mil trabalhadores do transporte ferroviário.

Desde a pandemia, a piora na qualidade de vida e nos contratos de trabalho é evidente. Assim como a desigualdade. No caso das montadoras, o lucro obtido pelas três grandes companhias em greve foi de 21 bilhões de dólares, somente nos primeiros meses do ano. O que impede qualquer justificativa de falta de recursos.

Todo apoio!

A CSP-Conlutas manifestou apoio aos grevistas em vídeo e enviou a um setor do UAW. A publicação no X (antigo Twitter) viralizou rapidamente. Já são 64 mil visualizações. Na gravação, Luís Carlos Prates, o Mancha, integrante da Executiva Nacional da nossa Central, mostrou solidariedade.

“Toda nossa solidariedade aos trabalhadores das montadoras nos Estados Unidos que neste momento estão em negociação coletiva”, afirma Mancha. “As grandes empresas e os chefes estão ganhando muito dinheiro nesse período enquanto os funcionários estão com os salários congelados”.

“Eles impõe condições salariais rebaixadas e dupla grade salarial. É preciso por fim a isto e é por isso que nos solidarizamos com os trabalhadores e o UAW. A CSP-Conlutas fará tudo o possível para vocês saírem vitoriosos. Esta é uma luta que interessa a todos os trabalhadores do mundo e pode ser uma virada na onda de retirada de direitos e conquistas”, conclui.

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