Estudantes entram em greve, ocupam reunião do Conselho Universitário e barram o aumento do bandejãoNa Universidade Federal Fluminense, técnicos-administrativos, docentes e estudantes estão em greve desde o dia 30 de agosto, contra a proposta do governo, de reajuste de 0,1%. Os estudantes, além de apoiar o movimento das categorias, paralisaram suas atividades acadêmicas contra a proposta de aumento do bandejão e o fechamento do Pólo Universitário de Rio das Ostras, no Norte Fluminense, onde cerca de 600 estudantes estão sem aulas. A pauta que unifica os três segmentos é a luta contra a corrupção e a Reforma Universitária do governo Lula.
Estudantes barram aumento do bandejão
Já na largada da greve, os estudantes obtiveram uma vitória expressiva. No primeiro dia de paralisação, foi realizada uma passeata com cerca de 500 estudantes contra a proposta da Reitoria de aumentar o valor da refeição servida no bandejão, de R$ 0,70 para R$ 2,20. A multidão ocupou o gramado da Reitoria durante toda a noite.
Pela manhã, durante a sessão do Conselho Universitário, cerca de 300 estudantes ocuparam a sala de reuniões. Diante de tamanha pressão, os conselheiros vetaram o projeto de aumento, aprovaram moção de apoio à greve e a paralisação imediata do calendário letivo.
A greve continua
Os três segmentos montaram um Comando de Greve Unificado. Hoje, a maior parte da UFF está paralisada. Alguns departamentos votaram pela paralisação das atividades, tendo em vista que os estudantes grevistas terão direito assegurado à reposição das aulas.
Estão sendo realizadas diversas atividades de convencimento dos que ainda não aderiram à greve, promovidas pela ADUFF, pelo SINTUFF e pelo DCE. Com as vitórias obtidas no Conselho, diversos estudantes estão paralisando e obrigando seus professores a entrar em greve, seguindo a deliberação de assembléia de ambos setores.
Governistas da UNE tentam derrotar a greve
Setores ligados à corrente petista Democracia Socialista, ao PCdoB e à UNE vêm se articulando para tentar derrotar a greve dos estudantes. Para defender o governo corrupto do mensalão, estes setores buscam desqualificar a greve enquanto instrumento legítimo de luta. Também defenderam, em sintonia fina com a Reitoria, que o bandejão deveria ter algum aumento, quando a posição do movimento estudantil aprovada em assembléia era a manutenção do preço em R$ 0,70.
Durante a assembléia geral dos estudantes que votou a greve esses setores foram recebidos com os gritos de “Reforma vem, a UNE some e não fala em nosso nome”.
Estudantes ocupam a Reitoria pelo direito de estudar
A greve dos estudantes, assim como a de docentes e técnicos-administrativos, segue firme. Apesar da vitória sobre a questão do bandejão, uma série de outras reivindicações seguem sem resposta. A mais importante delas no momento é pela reabertura imediata do Pólo Universitário de Rio das Ostras.
O pólo foi aberto em regime de convênio entre a UFF e a prefeitura local. Diante de divergências sobre o contrato firmado, a prefeitura deixou de repassar as verbas previstas durante um semestre, o que inviabilizou a continuidade das aulas.
Os estudantes, diante dessa situação, organizaram uma ocupação da Reitoria, onde dormiram por duas noites seguidas, esperando uma resposta. No sábado, 11/08 pela manhã, ocorreu uma reunião às portas fechadas com o prefeito de Rio das Ostras, o representante do MEC, Nélson Maculan, e o reitor Cícero Fialho. Após a reunião, se encontraram com os estudantes para prestar esclarecimentos. Durante o encontro, os estudantes vaiaram Maculan, que quando Reitor da UFRJ fechou o bandejão desta universidade.
Foi firmada uma carta, assinada pelo representante do MEC, o Reitor e o prefeito, que aponta para a dissolução do impasse, mas não define uma data concreta para a reabertura do pólo. Segundo Rafael Rossi, da coordenação de Interior do DCE e militante do PSTU “enquanto não houver resposta para o impasse, o movimento estudantil seguirá radicalizando as ações”.