George Bezerra, de Fortaleza (CE)
O segundo dia da greve dos operários da construção civil de Fortaleza, que iniciou na quarta-feira, 23, foi marcado pelo impacto do primeiro dia de paralisação. A patronal sentiu a força e a radicalidade do início da greve e, com medo de novos danos materiais, orientou que os operários não aparecessem nas obras ou que só fossem trabalhar após o meio-dia. A política dos empresários tinha um objetivo nítido de tentar esvaziar a greve.
O plano do sindicato patronal, porém, foi por água abaixo, pois o comparecimento dos operários foi massivo. Mais uma vez milhares de trabalhadores foram às ruas, organizados em dezenas de piquetes em vários pontos da cidade. Os canteiros de obras onde se tentou iniciar os trabalhos foram mais uma vez parados pelos grevistas para libertar os companheiros que, sob uma dura pressão patronal, tiveram de entrar nos canteiros.
Outro fator que derrotou a estratégia patronal foi o nível de organização operária e a disposição de luta da categoria. A união de vários piquetes formou passeatas com centenas de trabalhadores que percorriam as ruas e avenidas da cidade, passando pelos canteiros de obra que funcionaram à tarde. Dessa forma, evitou-se a realização do trabalho no período da tarde.
Fruto desse forte início de greve, a negociação com os patrões, que estava marcada para o dia 9 de maio, foi antecipada para próxima segunda-feira. Até lá, a ordem é manter a greve forte, tentando ampliar a paralisação para os canteiros mais distantes dos bairros nobres da cidade.
Estamos diante de uma luta difícil. Os patrões, embora preocupados, estão irredutíveis e contam com o apoio dos governos, da Justiça, da polícia e de parte significativa da imprensa. A maioria dos jornais tentou desqualificar a greve, caracterizando-a como vandalismo. Por outro lado, a categoria vem respondendo com firmeza ao desrespeito patronal.
A greve não é resultado apenas da reduzida proposta salarial dos patrões. Por trás dos métodos radicais da luta operária e da disposição de luta, estão as humilhações sofridas pelos trabalhadores dentro dos canteiros de obra, a superexploração, o pouco tempo que o peão tem disponível para passar com a família, a dificuldade para colocar comida na mesa e as condições de vida em geral, que se deterioram a cada dia. Não é fácil construir lindos arranha-céus e morar em condições precárias.
Da mesma forma, é duro construir hospitais particulares para a classe média e a burguesia e ver esposa e filhos sofrerem nas filas da saúde pública sem atendimento digno e adequado.
Cercar de solidariedade essa greve é uma obrigação de todo o movimento sindical. Convocamos todos os sindicatos, inclusive os cutistas, a apoiar ativamente a greve dos trabalhadores da construção civil.