Lista de brasileiros que mantinham conta na filial suíça do HSBC inclui 22 empresários de mídia

No começo de fevereiro estourou o escândalo do SwissLeaks, o vazamento da lista com os nomes de 106 mil correntistas da filial do HSBC em Genebra, na Suíça. Nesse paraíso fiscal, o banco prestava serviços como lavagem de dinheiro, servindo como meio para evasão fiscal e sonegação, entre outros crimes. Esse que está sendo apontado como o maior escândalo financeiro da história, foi tratado com desdém pela imprensa no Brasil. Ao que parece, o motivo para isso não está simplesmente no fato de o escândalo envolver nomes como o da família Safra. O caso atinge diretamente grandes figurões da mídia no país.

Segundo matéria divulgada pelo O Globo no último dia 14, dentre os 8.667 brasileiros que mantinham contas secretas na Suíça, estão os donos do Grupo Folha (dona do UOL), Octavio Frias de Oliveira, que morreu em 2007, e Luiz Frias, atual presidente da Folha, que apareceu como beneficiário da mesma conta. O jornal carioca divulgou ainda vários nomes da família Saad, dona da Rede Bandeirantes. Entre os nomes aparece o do próprio fundador João Jorge Saad, falecido em 1999.

Constam nessa lista, ao todo, 22 empresários de mídia, incluindo Lily de Carvalho, viúva de Roberto Marinho, fundador e ex-dono das Organizações Globo, morto em 2003. Também faz parte desse bolo integrantes do Grupo Edson Queiroz, dono de, entre outras coisas, “Diário do Nordeste”. O ex-dono da Gazeta Mercantil, Luiz Fernando Ferreira Levy, também manteve conta em Genebra.

Mídia sob suspeita
A lista inclui ainda proprietários de grupos de mídia que mantém jornais em Pernambuco, Santos, Paraná, incluindo o do apresentador Carlos Massa, o Ratinho. Sete jornalistas também aparecem, entre eles os filhos de Alberto Dines e José Roberto Guzzo, do Conselho Editorial da Abril e colunista da revista Veja.

À Agência Brasil, o Grupo Folha e a família Frias negaram ter conhecimento sobre qualquer conta na Suíça, mas afirmaram também que “se ela existiu, era regular e conforme a lei“. Só resta aquela inevitável pergunta: Por que um grande conglomerado de mídia no Brasil mantém uma conta secreta na filial de um banco na Suíça? A Bandeirantes não quis comentar e o resto também evitou se pronunciar ou simplesmente negou.

Monopólio e hipocrisia
Essa mais recente revelação expõe a hipocrisia dos grandes conglomerados que detêm o monopólio da mídia no Brasil. Ao mesmo tempo em que denunciam os casos de corrupção que lhes interessam, escondem aqueles que não convêm ou os que estão diretamente metidos e que, evidentemente, nunca apurarão a fundo. 

O escândalo do HSBC já colocou na fogueira gente como Pedro Barusco, ex-diretor da Petrobras envolvido no esquema Lava a Jato, além da família Queiroz Galvão, dona da empreiteira cujo presidente continua preso por conta dos desvios na estatal. O esquema também teria sido utilizado para esconder o dinheiro das privatizações fraudadas do PSDB nos anos 1990. Muita coisa, porém, ainda está por vir e novos nomes devem aparecer, ainda que não estampem as capas dos jornais.

 

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