Número de casos não para de crescer e demonstra incapacidade dos governos de enfrentar pandemiaO Ministério da Saúde confirmou, no dia 16 de julho, 1.175 casos da gripe suína, chamada agora de gripe A. O estado de São Paulo concentra a maioria dos casos (512), seguido pelo Rio Grande do Sul (135) e pelo Rio de Janeiro (128). Pelo menos 15 pessoas morreram devido à gripe.

No entanto, os números divulgados se referem apenas a casos confirmados. O total de pessoas infectadas pelo vírus H1N1, transmissor da gripe, pode ser bem maior, uma vez que o diagnóstico da doença é considerado difícil e demorado, pois se confunde com o vírus da gripe comum (influenza sazonal). O aumento de casos também torna praticamente impossível o monitoramento de novas pessoas infectadas.

De qualquer maneira, os 1.175 casos confirmados da gripe suína revelam o descontrole da expansão do vírus. Algo que demonstra a completa incapacidade dos governos nacional e locais para enfrentar a situação.

Há um mês, no dia 15 de junho, o país registrava 74 casos confirmados da gripe. Quinze dias depois, os casos já chegavam a 861 com uma morte confirmada.

A disseminação assustadora do vírus obrigou o governo federal a reconhecer que a transmissão da gripe já é local, ou seja, se dissemina livremente sem a necessidade de haver contato com alguém que esteve no exterior. Pelo menos 28% dos casos comprovados foram transmitidos localmente. Foi o caso da garota que morreu em Osasco (SP). Ela contraiu o vírus mesmo sem contatos com pessoas que viajaram para Argentina ou Chile.

Uma explicação para o descontrole
Enquanto o número de casos no Brasil aumentava, o governo federal não liberava as verbas necessárias para as ações de enfrentamento ao vírus. No dia 20 de maio, por meio de uma medida provisória, foi autorizada a utilização de R$129 milhões para a prevenção e o enfrentamento de uma pandemia. Contudo, dois meses depois, apenas 8,7 milhões de reais foram aplicados no combate à gripe suína até o último dia 13, ou seja, menos de 7% do total anunciado.

O Rio Grande do Sul, estado que registra o maior número de mortes causadas pela nova gripe, também não deu atenção à saúde da população. Na semana passada, a governadora Yeda Crusius (PSDB) rejeitou uma emenda popular à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2010, que destinava 12% da Receita Líquida de Impostos e Transferências (RLIT) para saúde. Para piorar a situação, nos últimos seis anos, o governo reteve bilhões de reais da verba para os investimentos em saúde.

Situação vai ficar pior
Infelizmente, a situação pode piorar ainda mais. Epidemias de gripe em grandes cidades se caracterizam pelo início de uma hora para outra, atingem seu pico em duas ou três semanas e se prolongam até completar cinco a oito semanas. Isso significa que os números vão crescer. É o que diz um estudo baseado em pandemias anteriores, realizado pelo próprio governo federal com epidemiologistas.

A pesquisa diz ainda que a pandemia provocada pelo novo vírus poderá atingir entre 35 milhões e 67 milhões de brasileiros ao longo das próximas cinco a oito semanas. Entre 3 e 16 milhões de pessoas desenvolverão algum tipo de complicação, o que deve exigir tratamento médico. Entre 205 mil e 4,4 milhões precisarão ser hospitalizados.

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