Leia o artigo de Zé Maria sobre o debate realizado na Globo com alguns dos presidenciáveis

O debate entre alguns dos candidatos à Presidência nesse dia 2, na Globo, trouxe à tona alguns elementos que queria destacar aqui.

Primeiro, os embates entre Dilma, Marina e Aécio serviram para mostrar que não há nenhuma diferença significativa entre estas candidaturas, seja no quesito modelo econômico que defendem para o país, seja no quesito defesa da privatização, seja no quesito corrupção. São todos iguais, em ultima instância.

Brigaram muito sobre a paternidade e o formato do que eles chamam de “políticas sociais”, como o Bolsa Família, mas nenhum deles lembrou que os problemas sociais do país vem do fato de que os bancos e as grandes empresas se apropriam dos recursos e da riqueza que o país tem, e que deveria ser usada para garantir vida digna para o povo… E que as políticas econômicas que defendem (os três) não trazem nenhuma mudança neste quadro.

Seria esperar demais, pensar que poderia ser diferente, pois são os bancos e as grandes empresas que estão financiando a campanha destas três candidaturas.

Segundo, o papel cada vez mais lamentável que cumpre a candidatura do Levy Fidelix. Antes, Levy e seu aerotrem era apenas uma coisa exótica. Hoje é completamente reacionário, porta-voz de todo tipo de preconceito, que precisa ser repudiado fortemente por todas as pessoas deste país que prezam minimamente a democracia.

Terceiro, achei boa e importante a defesa de bandeiras democráticas como as que se relacionam aos direitos das pessoas LGBT, o direito ao aborto, a legalização das drogas, que fizeram Luciana Genro e Eduardo Jorge.

Mas justamente aí vem o quarto elemento que queria destacar, e que expressa claramente os limites da candidatura do PSOL. Faltou uma candidatura socialista no debate. Ninguém usou a palavra para dizer que a fonte das mazelas dos trabalhadores e do povo pobre do nosso país é a exploração que sofrem por parte dos bancos, das multinacionais, das grandes empresas do agronegócio.

A política econômica ou modelo econômico (como preferirem) defendido por Dilma, Aécio e Marina está a serviço de assegurar e aprofundar esta exploração. E não há como acabar com o sofrimento do povo sem acabar com a exploração capitalista, sem atacar a propriedade dos bancos, das grandes empresas do agronegócio para liberar as terras do nosso país para a reforma agrária e a produção de alimentos para o povo, não é possível ampliar os direitos e assegurar salário digno para os trabalhadores em atacar os privilégios das grandes empresas…

E nada disso foi dito no debate, nenhum candidato defendeu o não pagamento da dívida externa e interna aos bancos e a estatização de todo o sistema financeiro, para colocá-lo sob o controle dos trabalhadores; ninguém defendeu a reestatização do patrimônio e das empresas que foram privatizados por FHC e pelos governos do PT, para colocar tudo isso a serviço de melhorar a vida do povo; ninguém defendeu a nacionalização da terra, com expropriação do latifúndio e do agronegócio.

Aliás, aqueles que lutamos pelo socialismo, sabemos que mesmo direitos democráticos como o fim do racismo, do machismo, da LGBTfobia, só serão assegurados em última instância com o fim do capitalismo. A luta por estas bandeiras é fundamental e precisa ser levada com toda força desde agora e sempre. Mas enquanto houver capitalismo vai haver racismo, machismo e LGBTfobia. Estas lutas só tem futuro se ligadas à luta pelo fim da exploração e do capitalismo.

A ausência do questionamento ao capitalismo acaba por enfraquecer, então, a própria defesa das bandeiras democráticas. De Eduardo Jorge nada se poderia esperar neste terreno, pois não se dispõe a defender o socialismo.

Mas é gritante a limitação do programa do PSOL, que sim se reivindica socialista, no entanto, apresenta ao país em sua campanha, um programa que vai, quando muito, até bandeiras democráticas radicais. Propõe, na verdade, reformas na sociedade em que vivemos.

E fica mais grave ainda o prejuízo causado pelo veto da Globo à minha participação e de outros candidatos no debate. Não só porque agride um direito da nossa candidatura, por um lado (de divulgarmos nossas opiniões), e da população, por outro lado (de conhecer nossas opiniões, para concordar ou para discordar delas).

Além disso, tira do debate a possibilidade de que fosse apresentada uma proposta que apontasse uma alternativa de classe, anticapitalista e socialista para o país.

Segue a luta!

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