La Paz, 9 de outubro – Forças do Exército e da polícia interromperam parcialmente hoje, com tiros e granadas, o avanço da marcha dos trabalhadores mineiros e moradores dos bairros mais pobres na capital La Paz. Os trabalhadores exigem a renúncia do presidente Gonzalo Sánchez de Lozada e a renacionalização do gás e do petróleo.

A batalha na localidade de ventilla, a poucos quilômetros da entrada de La Paz, deixou dois mortos e oito feridos. O mineiro José Luis Atahuichi morreu por ferimentos provocados pela explosão de uma granada e um morador foi morto com tiros. Oito pessoas também foram atigidos e estão hospitalizados e cerca de 20 foram feridos nos confrontos. Cerca de 10 pessoas foram detidas pela polícia. Entre os feridos e detidos estão trabalhadores mineiros do distrito de Huanuni e moradores da cidade de El Alto, perto de La Paz.

“Foi uma verdadeira carnificina, que Deus nos ajude“, relatou consternado o dirigente da Central Operária Regional de El Alto, Roberto de la Cruz, que tentou, com centenas de moradores da região, auxiliar aos mineiros, cercados pelas tropas leais a Sánchez de Lozada.

O objetivo do governo era romper o bloqueio da principal rota de caminhões, que une a sede do governo com Oruro, Potosí e Cochabamba, e evitar a entrada dos mineiros em La Paz, que está virtualmente sitiada pelos protestos populares e com seus três principais acessos cortados pelos trabalhadores de El Alto, camponeses de Altiplano e cocaleros.

O enfrentamento prolongou-se por várias horas, até o meio-dia de hoje. Os mineiros combateram com o que puderam. Uns lançando bananas de dinamites acesas e outros com paus e pedras.

“Nos balearam à queima-roupa. Há muitos feridos“, disse um dos mineiros feridos, quando era atendido pelos moradores do bairro, solidários com o protesto e a luta dos trabalhadores do distrito mineiro, cujo dirigente é Jaime Solares, principal líder da Central Operária Boliviana (COB) e um dos principais líderes da rebelião.

A batalha de Ventilla gerou uma imediata solidariedade com os mineiros e a repulsa ao governo. Em La Paz, milhares de trabalhadores urbanos e das províncias, com pequenos comerciantes, tomaram as ruas exigindo a cabeça do presidente.

Na cidade de Oruro, região onde está instalada a mina de estanho de Huanuni, os protestos se converteram em enfrentamentos entre a população civil e destacamentos da polícia.

Por volta do meio-dia, a batalha foi substituída por uma tensa calmaria. Em La Paz, as autoridades do governo acusavam os mineiros de violentos e criminosos, enquanto que, em El Alto, os mineiros velavam o corpo destroçado de José Luis Atahuichi.

FONTE: Econoticiasbolivia.com