Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, o embaixador brasileiro em Washington, Rubens Barbosa, disse que os EUA não têm interesse em um acordo que permita o uso da base de lançamento de foguetes de Alcântara, no Maranhão. No entanto, em março, pouco antes da visita de Donald Rumsfeld ao Brasil, os EUA retomaram o pedido de renegociação do acordo de salvaguardas tecnológicas para a utilização da base.
Acusado de ferir a soberania nacional, o acordo entre Brasil e EUA foi proposto na Câmara ainda no governo FHC. Em 2002, no plebiscito da Alca, 96% dos mais de 10 millhões de brasileiros que participaram da votação foram contrários à assinatura do acordo de utilização da base pelos EUA. Ainda assim, o governo Lula assinou um acordo de cláusulas semelhantes com a Ucrânia e agora reabre a discussão sobre o assunto com o governo norte-americano.
O interesse norte-americano pela base está na sua posição geográfica favorável – situada a dois graus da linha do Equador, o que gera uma economia considerável de combustível no lançamento de foguetes.

Soberania
A perda da soberania nacional é o argumento mais forte contra o acordo entre Brasil e EUA. Isso porque as cláusulas presentes no acordo são consideradas abusivas por grande parte da opinião pública.
O jornalista José Arbex, em um artigo sobre o tema, ressalta quais são elas: permissão para que os EUA desenvolvam programas sigilosos e operações sem o conhecimento das autoridades brasileiras; somente pessoas ligadas ao programa aeroespacial norte-americano poderão circular em Alcântara, o que exclui qualquer brasileiro de tal direito, inclusive o próprio presidente, caso não tenha autorização de Washington; nenhum material que chegar ou sair da base, de qualquer origem ou destino, poderá ser tocado por brasileiros, entre outras coisas.

Acredita-se que o interesse dos EUA em Alcântara estaria principalmente relacionado ao uso da base para fins militares. O objetivo: controlar a floresta Amazônica. Os EUA já possuem bases na Bolívia, Colômbia, Equador, Cuba e na floresta Amazônica. Com o acordo em Alcântara o cerco estaria completo.

O embaixador do Brasil em Washington discorda de que o acordo possa ferir a soberania nacional: “Estamos negociando e aceitando as condições sabendo exatamente quais são”. Com mais de 800 lançamentos de satélites previstos para os próximos dois anos por empresas norte-americanas, Rubens Barbosa destaca a boa oportunidade para a economia do governo Lula, já que para cada lançamento paga-se de US$ 25 a US$ 30 milhões. Esse valor é quanto vale a soberania brasileira para o governo Lula.