Como se não bastassem todas as dificuldades sofridas pelos estudantes, trabalhadores e desempregados de Porto Alegre (RS) para utilizar o transporte público, a Prefeitura de José Fogaça (PMDB), no início deste ano, impôs mais um duro ataque às condições de vida da população. O prefeito autorizou um substancial aumento da tarifa do ônibus.

A taxa passou de R$ 2,10 para R$ 2,30. A população, porém, não aceitou este roubo calada. Como nos anos anteriores, organizou a resistência.

Os atos foram em série. Embora contassem com uma boa participação e representatividade do movimento estudantil, poderiam ter sido mais expressivos e melhor organizados caso houvesse uma entidade estudantil que unificasse secundaristas e universitários e fosse independente de todos os governos, federal, estadual ou municipal.

Polícia agride e prende estudantes em luta
As manifestações foram marcadas por ações truculentas da Polícia Militar. No decorrer de um dos atos, agrediu violentamente muitos estudantes e até mesmo a população que observava, causando grande indignação. Cerca de seis estudantes foram detidos, na ocasião.

Infelizmente, esta postura repressiva da polícia da governadora Yeda Crusius (PSDB), desta vez a mando da Prefeitura, tem sido frequente contra os movimentos sociais. Nas greves de bancários e de trabalhadores em educação, no final do ano passado, a violência foi ainda maior.

A história se repete, a luta se fortalece
A picaretagem é a mesma há anos. O Conselho de Transporte Urbano (Contur) lança, todo ano, sua proposta de aumento. O Contur é formado, que é composto pelas empresas de ônibus e pelas entidades vendidas do movimento. Os prefeitos sancionam, e a população paga a conta.

Vale ressaltar que, este ano, o aumento vem em meio a uma situação muito delicada da economia. Por conta da crise mundial, o aumento causará um impacto ainda maior no bolso das famílias da cidade.

Os estudantes encabeçaram esta luta e, junto com sindicatos aliados, promoveram colagens, pichações e uma série de manifestações, com o objetivo de tornar pública a sua indignação e fazer crescer este movimento.

Tudo aconteceu à revelia da União Metropolitana dos Estudantes de Porto Alegre (Umespa). Essa, além de não mover uma palha nas mobilizações, tem cadeira garantida no Contur e sempre vota a favor destes aumentos abusivos. A UNE também não apareceu, o que mostra que não tem interesse nenhum em estar ao lado dos estudantes contra os empresários.

Contudo, nem a panelinha do Contur, nem a traição da UNE e da Umespa, nem a dura postura repressiva da polícia impediram o movimento estudantil de mostrar sua força e garra. A luta contra o aumento da passagem segue, assim como a luta pelo passe-livre para estudantes e desempregados.

Para a população de Porto Alegre, fica o exemplo do movimento estudantil. Ao movimento estudantil, a certeza de que outros ventos soprarão.

*Jéssica Nucci é estudante da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e militante do PSTU