Na última quinta-feira, dia 29 de maio, a Polícia Federal, na operação que ficou conhecida como “Segurança Pública SA”, prendeu em flagrante Álvaro Lins, deputado estadual do Rio de Janeiro e ex-chefe da Polícia Civil. Lins é acusado de ser o principal operador de um esquema de corrupção que cobrava uma “caixinha” mensal de R$ 25 mil para várias delegacias de polícia.
O esquema envolve diretamente o ex-governador do Estado e atual presidente do PMDB fluminense Anthony Garotinho, que seria o chefe político da quadrilha e grande facilitador das operações fraudulentas durante seu governo e também no governo de sua esposa, Rosinha Matheus. Garotinho foi Secretário de Segurança Pública em boa parte do governo Rosinha. Também há denúncias de que a campanha da governadora recebeu dinheiro do jogo do bicho e dos donos de máquinas caça-níqueis.
A quadrilha que tomou conta da segurança pública do Estado era tão influente que derrubava delegados que não colaboravam com seu esquema e indicava seus amigos para cargos de confiança do governo. Nas escutas da Polícia Federal, Garotinho chega a afirmar em conversa telefônica com Álvaro Lins que: “A gente põe um amigo lá. Não tem problema não”, referindo-se à demissão do delegado da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente, que se negou a colaborar com o grupo.
O fantástico enriquecimento de Álvaro Lins chamou a atenção das investigações. O deputado do PMDB investiu somente nos últimos cinco anos cerca de R$ 1,5 milhão na compra de cinco apartamentos em regiões valorizadas da cidade, todos em nome de parentes e “laranjas”.
Assembléia Legislativa manda soltar deputado corrupto
Já na sexta-feira, dia 30 de maio, um dia após a prisão de Álvaro Lins e de vários envolvidos em sua quadrilha, o plenário da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), com a presença de 55 deputados – comparecimento recorde para uma sexta-feira – aprovou um decreto legislativo mandando soltar o deputado estadual.
Por 40 votos a 15, os deputados aprovaram o decreto que considerava arbitrária a prisão de Lins e que a sua liberdade não atrapalharia as investigações e nem coloca em risco a sociedade. Nada de se espantar. Afinal, uma grande parte dos deputados está sendo investigada por crimes de corrupção, dentre outros, e votaram, na verdade, para se proteger da prisão no futuro.
A votação da Alerj chama a atenção pela “falta de vergonha na cara” da maioria de seus deputados, e demonstra para todos os trabalhadores e o povo pobre qual o verdadeiro caráter do parlamento no capitalismo: um conluio de corruptos para proteger os interesses da grande burguesia, e legislar sempre contra os trabalhadores.
Sérgio Cabral, Picciani e PT são cúmplices de Garotinho
Há uma estreita aliança entre o atual governador do Estado, Sérgio Cabral, e o atual presidente da Alerj, Jorge Picciani, ambos do PMDB, com Lula e o PT. Assim, as investigações destes esquemas de corrupção não podem ficar restritas a Garotinho, Álvaro Lins, Rosinha e seus asseclas.
Sérgio Cabral e Picciani sempre foram estreitos aliados da família Garotinho. Cabral presidiu a Alerj durante o governo de Garotinho, aprovando todas as mensagens do executivo da época, e Picciani, denunciado por uso de trabalho escravo em suas fazendas no interior do Estado, sempre foi o chefe da tropa de choque de Garotinho no parlamento estadual.
O PT integrou o governo de Garotinho e hoje apóia e participa ativamente do governo Sérgio Cabral. O PMDB do Rio de Janeiro, partido estreitamente ligado à corrupção da máquina pública do Estado do RJ, vai apoiar a candidatura a Prefeitura do Rio de Alessandro Molon, deputado estadual do PT, indicando o vice da chapa.
O PSTU exige uma ampla investigação de todos os casos de corrupção dos últimos governos estaduais do Rio de Janeiro, o confisco de bens e a prisão de todos os comprovadamente envolvidos. Isto incluiu principalmente a investigação não só dos atuais envolvidos, mas também do Governador Sérgio Cabral, de Picciani e de todos os secretários, principalmente os do PT, que integraram estes governos.
Somente os trabalhadores podem garantir uma apuração independente
Para o PSTU a corrupção é um das características principais da administração pública no sistema capitalista. Portanto, não poderá ser a ALERJ a apurar estas denúncias, afinal à maioria dos deputados estaduais está envolvida em casos de corrupção e está comprometida politicamente com o atual esquema de poder.
Da mesma forma, estas quadrilhas de corruptos que vivem às custas das verbas públicas que tanta falta fazem para as áreas sociais, também estão infiltradas tanto no Poder Judiciário com nas chefias de polícia.
Somente a mobilização dos trabalhadores e do povo pobre do Rio de Janeiro poderá garantir alguma possibilidade de uma apuração realmente transparente de todos estes esquemas de corrupção. Neste sentido, ganha muita importância a manifestação que está sendo preparada pelo comando unificado dos servidores estaduais para 19 de junho, na porta da ALERJ, por reajuste de salários, maiores investimentos nos serviços públicos e melhoria nas condições de trabalho.
Os servidores devem incorporar com toda força em sua pauta de reivindicação a exigência de amplas e transparentes investigações dos casos de corrupção no governo do estado e a punição, confisco de bens e prisão de todos os envolvidos nestes esquemas.
Esta manifestação deve extrapolar a questão da justa pauta de reivindicações dos servidores e ser ampliada a sua convocação para todos os segmentos da classe trabalhadora e da juventude. Ela poderá ser uma grande oportunidade de darmos uma resposta conjunta aos desmandos destes governos e a corrupção presente nas administrações tanto de Garotinho, Rosinha, Cabral, Lula, entre outros.