Se a prioridade é realmente acabar com a fome, o novo governo não pode continuar dedicando mais de 60% do Orçamento para o pagamento de juros aos banqueiros e se recusar a combater já o desemprego, a aumentar de verdade o salário mínimo e a realizar uma verdadeira Reforma Agrária.
Do contrário, a prioridade social não é verdadeira. Pois, quem segue levando a maior parte do Orçamento são os banqueiros, inclusive através de um superávit primário – desvio de mais verbas dos 40% restantes do Orçamento para o pagamento da dívida – maior do que o que foi praticado sob o reinado de Fernando Henrique.
As organizações dos trabalhadores, a CUT à frente, não podem se propor a fazer um pacto com a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e aceitar que não ocorra nenhuma mudança para melhor nas condições de vida da classe trabalhadora, ou pior, aceitar mais perdas.
Hoje, na prática, todos os preços estão atrelados ao dólar ou aos maiores índices de inflação. Por isso, a CUT não pode abandonar a reivindicação de salário mínimo de 100 dólares já ( 350 reais), rumo ao mínimo do Dieese. Devemos exigir também aumento real de todos os salários que tiveram perda real de 20% – e gatilho pois, com a inflação em alta, somente os salários não estão indexados.
Não se combate a fome também, sem atacar a chaga do desemprego. Portanto, queremos mudança agora e devemos exigir que se reduza a jornada de trabalho para 36 horas semanais sem redução dos salários, bem como que se faça a Reforma Agrária e se atenda as reivindicações do MST, começando por derrubar a lei que criminaliza as ocupações.
Quem tem fome tem pressa. É preciso começar a pagar a dívida social com os trabalhadores e o povo. Para isso deve-se romper com o FMI e parar de pagar a dívida pública aos banqueiros. Não queremos a ALCA e nem as reformas neoliberais de FHC. Queremos emprego, salário e terra.
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