Ato contra as demissões, em março
Kit Gaion

Demissões ocorrem apesar do aumento do número de pedidos em relação a 2008No dia 29 de abril, a fabricante de aeronaves Embraer divulgou o resultado de seus lucros no primeiro trimestre de 2009. A empresa privatizada em 1994, durante o governo Itamar, registrou lucro bruto de R$ 209,6 milhões. Descontados juros, impostos e depreciação, o lucro da empresa fica em R$ 38,3 milhões.

No período de janeiro a março, a empresa entregou 40 aeronaves, o que lhe garantiu receita líquida de R$ 2,6 bilhões, equivalente a 1,15 bilhão de dólares. A previsão para todo o ano é de produção e entrega de 242 aviões, com arrecadação de 5,5 bilhões de dólares.

Demissões
Esses resultados contestam a tese divulgada pela empresa para justificar as demissões realizadas em fevereiro. Naquele mês, a Embraer mandou embora 4.270 trabalhadores, número que representava 20% de toda a força de trabalho da companhia. Para a Embraer, a crise econômica internacional havia acarretado uma drástica redução nas encomendas, forçando a empresa a cortar gastos.

Nos três primeiros meses de 2009, porém, a receita da Embraer subiu 14,9%. A empresa alega, mesmo assim, redução de 74% nos lucros em relação ao mesmo período de 2008. A fabricante afirma que isso se deu devido ao aumento das “despesas operacionais”, causadas pelas próprias demissões. A demissão em massa de fevereiro teria custado 50 milhões de dólares. Ou seja, caso não houvesse as demissões, a empresa teria lucrado mais ainda.

Argumentos injustificáveis
Os lucros da Embraer nesse primeiro trimestre e as próprias projeções da empresa para 2009 contestam frontalmente os argumentos utilizados para as demissões. A Embraer afirma sofrer redução nas encomendas, que teriam caído de 270 para 242 aviões. Mesmo assim, esses pedidos mantêm-se bem acima do total de entregas realizadas em 2008, quando 204 aviões foram vendidos. O quadro de funcionários naquele ano totalizava 23.500 empregados. Agora, esse número é de apenas 17.75.

Isso significa que serão menos trabalhadores para produzirem mais aeronaves. Isso representa mais horas extras para cada trabalhador da empresa, a fim de compensar os demitidos. Como se isso não bastasse, a empresa conta com total apoio do BNDES para financiar suas vendas. Espera-se que 30% das vendas este ano seja financiado pelo banco público de desenvolvimento.

Reestatização da empresa já!
O balanço divulgado pela Embraer reforça a necessidade de se fortalecer a campanha pela anulação das demissões e pela reestatização da empresa. Fica claro que a crise internacional não justifica as demissões, sendo utilizada como uma desculpa para a direção da companhia cortar gastos, aumentando a exploração sobre os operários para maximizar seus lucros.