Foto Agência Brasil

Editorial do Opinião Socialista n.555

Enquanto fechávamos esta edição, a greve dos caminhoneiros entrava no seu terceiro dia mostrando muita força. Despertou grande apoio popular por enfrentar a alta dos preços dos combustíveis e o governo Temer, o mais impopular da história do país. Ao parar a circulação de mercadorias, começa a ter consequências econômicas: fábricas começam a parar por falta de peças e se abre possibilidade de desabastecimento dependendo da duração da paralisação.

A greve coloca em xeque o governo-zumbi de Temer, obrigando o Congresso a se mexer, atropelando o Ministério da Fazenda. Foi assim que derrubaram a Cide (um imposto sobre os combustíveis). Porém isso não refresca muito os preços atuais, fazendo cair apenas 1,5% o preço da gasolina e 2% o do Diesel contra os mais de 15% de aumento.

A alta dos preços é causada pela política de privatização da Petrobras. O governo tenta privatizar e desnacionalizar o refino, vendendo só óleo cru para fora. Quatro refinarias estão na mira da privatização. A serviço dessa política, a direção da empresa, do PSDB, estabeleceu uma política de reajustes diários de acordo com a variação do câmbio e dos preços internacionais.

A paralisação dos caminhoneiros não está sozinha. Também estão parados os metalúrgicos da Mercedes Benz, no ABC, os rodoviários de Salvador, e os professores de diversas cidades também estão em greve. A luta dos caminhoneiros é um estopim em meio à insatisfação e à indignação geral dos trabalhadores e dos setores populares.

É preciso cercar essa greve de solidariedade e exigir que os sindicatos façam campanhas de apoio. Para além disso, é preciso estabelecer uma pauta de mobilização e unificar as lutas.

 

Operários em greve da Mercedes

Uma pauta para lutar
A situação do país vai de mal a pior. A economia retrocede novamente, ao contrário do que propagandeava o governo, derrubando as previsões anteriores de crescimento. O desemprego só sobe, conforme apontam os novos dados do IBGE analisados nas páginas centrais deste jornal.

Os banqueiros e as maiores empresas estão no lucro ao mesmo tempo em que jogam a crise nas nossas costas e vão entregando e subordinando ainda mais o país às multinacionais. Enquanto esperam as eleições em meio à grande crise e à divisão, a classe dominante e suas candidaturas (incluindo a maioria das que se dizem de oposição) não abrem mão do ajuste contra os de baixo.

É impressionante que quase todos os presidenciáveis, de Lula a Alckmin, de Ciro Gomes a Bolsonaro, defendam abertamente ou de forma disfarçada por seus assessores, fazer uma reforma da Previdência, quando mais de 80% da população a rejeitam.

A política de frente ampla, agora organizada em torno ao movimento Lula Livre, além de atrelar as organizações dos trabalhadores a um bloco de colaboração de classes, a um projeto político de defesa do programa repaginado dos ex-governos do PT, constitui-se num bloqueio das lutas. Desfoca não apenas as necessidades estratégicas, mas também as necessidades e as possibilidades de ação imediatas.

É necessária uma pauta de reivindicações para a mobilização unificada a ser defendida por sindicatos e movimentos, que apoie e unifique as lutas existentes e enfrente a patronal e o governo. Uma pauta em defesa da redução da jornada sem redução dos salários, da redução do preço dos combustíveis e da defesa da Petrobras 100% estatal sob controle dos trabalhadores; pela revogação da reforma trabalhista e pela manutenção dos acordos coletivos, contra as privatizações (das refinarias da Petrobras, da Eletrobras etc.); contra qualquer reforma da Previdência (é preciso avisar a qualquer futuro governo que, se tentar atacar a aposentadoria, o Brasil vai parar); por moradia e reforma agrária; contra a criminalização dos movimentos sociais.

É preciso exigir esse posicionamento das organizações da classe que, para isso, precisam agir em defesa dos trabalhadores de forma independente da patronal e com uma política de mobilização social.

Um projeto socialista
Nas lutas dos trabalhadores em defesa de seus direitos e reivindicações, continuaremos fazendo um chamado à rebelião e defendendo um projeto socialista. Para mudar de vez essa situação, impedir a entrega do país, acabar com o desemprego, com a violência, com a corrupção e garantir condições dignas de vida para a maioria, será preciso derrotar os de cima (os banqueiros e as grandes empresas multinacionais e nacionais) e conquistar um governo socialista dos trabalhadores que governo por conselhos populares.