Geraldo Batata, de Contagem (MG)
O atual presidente de uma das maiores Federações patronais do país é um dos principais aliados de Bolsonaro e, agora, demonstra apoio a suas investidas para impor novamente uma ditadura militar no país. Neste sentido, A FIEMG se coloca na defesa de bandidos como o ex-deputado federal Roberto Jeferson e de sites bolsonaristas que espalham o terror contra as liberdades democráticas, o ódio contra LGBTI´s, negros e mulheres, além de fazem apologia a ditadura e tortura.
A FIEMG também foi uma das principais signatárias das reformas trabalhista e previdenciária; da reforma administrativa, que promove o desmonte dos serviços públicos; das privatizações e entrega da soberania e das riquezas do país para as multinacionais.
Na última quinta, dia 02 de setembro, um outro grupo inicial de 300 empresários e executivos de grandes empresas instaladas no Estado divulgaram uma nota dissonante da veiculada pela FIEMG. Nessa nota os signatários discordam do alinhamento da entidade quanto aos ataques de Bolsonaro ao STF e Congresso. Ou seja, deixam claro que não assinam um “cheque em branco” para as aventuras antidemocráticas de Bolsonaro e sua quadrilha.
Posicionar-se contra os ataques de Bolsonaro a nossas liberdades democráticas é muito importante. No entanto, ao mesmo tempo em que repudiam as ameaças contra a democracia, exigem mais ataques aos direitos da classe trabalhadora, ao desmonte dos serviços públicos, ao saque das riquezas e perda da soberania. Mostram que somente estão preocupados com os lucros indecentes que essas empresas tiveram aumentando a exploração dos trabalhadores, exportando e aumentando os preços.
O que existe é uma disputa entre os setores da burguesia em torno a quem controla o Estado, e o ritmo de ataques contra a classe e setores oprimidos. Fabio Roscoe, à frente da FIEMG acompanha os interesses de setores da indústria, do agronegócio, mineradoras, siderúrgicas e de uma burguesia lúmpem, de milicianos, madeireiros e garimpeiros, que querem passar a “boiada geral” contra todos os nossos direitos, destruir os povos indígenas e quilombolas e se apropriar do que resta de suas terras e das riquezas ali localizadas, promovendo abertamente o genocídio à maneira que Bolsonaro deseja. De outro, setores que dependem de uma boa imagem do país no exterior para continuar saqueando as riquezas do nosso povo são contra impor uma ditadura e desejam estabilidade política para também passar a “boiada” de maneira “civilizada”. Ambos os lados são inimigos irrecuperáveis da classe trabalhadora. Ambos setores são beneficiários do genocídio na pandemia e dos ataques de Bolsonaro a nossos direitos.
É preciso, sim, defender as liberdades democráticas. São produto da luta da nossa classe. Desde as greves operárias, lutas populares e da juventude que se iniciaram no final da década de 70 e botaram fim a 20 anos de uma ditadura sanguinária, de torturas e mortes, promovidas por militares e empresários. Mas é preciso avançar. Barrar o racismo, genocídio racista da juventude negra e pobre, garantir direito a vida para as mulheres e LGBTI´s, garantir o direito à terra dos povos indígenas e quilombolas, empregos e comida à enorme massa de desempregados e famintos. É preciso reverter os efeitos nocivos da precarização das reformas neoliberais que extinguem os direitos e sonhos de nossa classe.
É preciso que os trabalhadores busquem uma ampla unidade de toda a classe trabalhadora e setores que defendem as liberdades democráticas para barrar as ameaças bonapartistas de Bolsonaro e sua quadrilha. Mas essa unidade não significa confiar nesses setores democráticos da burguesia. Estes, além de ser a favor de passar a “boiada”, também criminalizam as lutas e perseguem os ativistas dentro das empresas. Não são favor de garantir as amplas liberdades democráticas para a classe trabalhadora. Devemos mesmo é confiar nas nossas próprias forças nos organizando de maneira independente.
Por fim, devemos reforçar a unidade da classe trabalhadora nos próximos atos do 7 de setembro e avançar para a construção de uma forte greve geral que paralise as fábricas e a circulação de mercadorias até que este governo seja colocado definitivamente na lata de lixo da história, junto com todo entulho, fardado ou não, da ditadura de 64.