A existência da tortura e da repressão militar foi mencionada pela primeira vez no cinema no excelente Eles não Usam Black-Tie (Leon Hirzman, 1981), que tinha como centro o movimento operário e suas lutas. Dois anos depois, Pra Frente, Brasil (Roberto Farias) trouxe os temas para o centro ao contar a história de um sujeito de classe média que é preso e torturado pelos militares, enquanto a população segue no embalo do “milagre econômico” e da Copa de 1970.

Belo e comovente, mas também profundamente perturbador, é Que Bom te Ver Viva (Lúcia Murat, 1989) que mistura as fantasias de uma personagem anônima, interpretada por Irene Ravache, com os depoimentos de oito ex-presas políticas. A diretora, que também foi presa na década de 70, voltou ao tema em Quase Dois Irmãos, que deve entrar em cartaz em breve e retrata o relacionamento entre um assaltante de banco e um militante, presos na Ilha Grande.

Entre os documentários, um excelente filme é Cabra Marcado para Morrer (Eduardo Coutinho) que começou a ser feito em 1964, como filme de ficção, e só foi finalizado vinte anos depois, contando a história de João Pedro, um dirigente das Ligas Camponesas. Além disso, há praticamente toda a produção de Renato Tapajós, que ficou preso entre 1969 e 1974, por participar da luta armada, e fez filmes como Em Nome da Segurança Nacional (1984) e A Humilhação e a Dor (1986).

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