Redação

A guerra na Ucrânia já completou mais de dois meses. E se não sabemos como serão os seus próximos desdobramentos, sabemos, entretanto, que as coisas não aconteceram segundo as expectativas de Putin e sua camarilha de oligarcas.

A resistência feroz do povo ucraniano na defesa de sua independência nacional impossibilitou que Putin pudesse conquistar as principais cidades do país e obrigou as tropas russas a baterem em retirada, concentrando-se na região do Donbass, leste ucraniano.

O recuo das tropas russas foi uma derrota relativa de Putin, mas que não deixou de cometer atos de barbárie e atrocidades, como as execuções de civis e valas comuns em Bucha, a completa destruição de Mariupol e o bombardeio da estação de trens de Kramatorsk, onde se aglomeravam centenas de pessoas que tentavam fugir da guerra.

Putin se retiraria da periferia de Kiev e Karkov, mas mantém o bombardeio sobre as duas cidades e se desloca em uma “segunda fase” da guerra na chamada “liberação” do Donbass. Para essa “segunda fase”, os revezes da Rússia fizeram com que Putin nomeasse Aleksandr Dvornikov, o “carniceiro da Síria”, como o novo comandante das forças russas na Ucrânia.

A luta no Leste será brutal e prolongada. Os soldados ucranianos contam com mais experiência e seu moral é alto. Mas carecem de armas pesadas e tecnologicamente avançadas. Tampouco contam com caças de combate para disputar o controle do espaço aéreo com os russos. Apesar de sua retórica “solidária” com a Ucrânia, nem a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) nem nenhum governo entregaram as armas necessárias para melhorar a defesa do país e muito menos para reverter o curso da guerra.

Putin ameaça estender a guerra até a Moldávia, a partir de enclave militar na Transnistria, região separatista pró-Rússia. Também faz reiteradas ameaças de uso de armas nucleares na guerra e pode utilizar armas químicas, tal com já fez na Síria para socorrer o ditador Bashar al-Assad. A batalha pelo Donbass é decisiva e recrudescerá o horror da guerra. Uma vitória contundente da Rússia pode reavivar seus planos de tomar a Ucrânia inteira. Um atolamento ou uma derrota dos invasores abrirá outra dinâmica no conflito.

O povo ucraniano demonstrou ao mundo sua heroica resistência ao se defender da agressão de uma das maiores potências militares do mundo. Por isso, não tem razões para confiar sua sorte ao governo burguês e fantoche do imperialismo dos EUA e da União Europeia (UE) que Zelenski preside. Cedo ou tarde, o governo dos oligarcas sabotará a resistência popular e capitulará diante de Putin, provavelmente cedendo território ucraniano.

Também não deve acreditar na hipocrisia do imperialismo que, apesar das declarações, não enviou os armamentos necessários ao país e tem o interesse de submeter a Ucrânia a planos de recolonização econômica.  A exigência a todos os governos, imperialistas ou não, de envio incondicional de armas pesadas à Ucrânia continua sendo uma tarefa inevitável e decisiva neste momento.

Solidariedade de classe
Comboio operário da Rede Sindical Internacional vai à Ucrânia

Entre abril e maio, o comboio operário da Rede Sindical Internacional de Solidariedade e Lutas para a Ucrânia fortalecerá a resistência de classe no país contra a invasão russa. A iniciativa, apoiada pelas entidades que fazem parte da Rede, como a CSP-Conlutas, tem como objetivo levar apoio à resistência ucraniana, às trabalhadoras e aos trabalhadores que enfrentam a dura ofensiva militar de Putin.

O comboio está em contato com militantes sindicalistas ucranianos e de países próximos, muito foi tratado sobre as dificuldades de logística para levar o apoio neste período duro de enfrentamento ao exército russo. A central sindical francesa Solidaires, cofundadora da Rede, financiará a logística de donativos, que serão comprados de acordo com a orientação da necessidade da classe operária ucraniana.

Lamentavelmente, um amplo setor da chamada esquerda apoia Putin (como o stalinismo e os defensores das ditaduras de Cuba e Venezuela). Outros ainda mantêm-se equidistantes, propondo consignas pacifistas, como o ardiloso “não à guerra”, uma generalidade que iguala agressores e agredidos, e o rechaço à exigência de armas para que a Ucrânia possa se defender.

Fazemos um chamado para que a bandeira do apoio à resistência ucraniana seja levantada nos atos e marchas no próximo 1º. de Maio, Dia Internacional da Classe Trabalhadora.

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Correio Internacional Nº25 – Ucrânia