Redação

Trotsky foi assassinado em 20 de agosto de 1939 por Ramón Mercader, um agente da polícia stalinista.

Apesar de dirigir um aparato nunca visto na história do movimento operário, Stalin tinha medo de Trotsky. Ele sabia o que podia significar a liderança de Trotsky em um novo ascenso revolucionário.

O fim da II Guerra Mundial gerou um ascenso revolucionário jamais visto. A derrota do nazismo possibilitou conquistas imensas. A expropriação do capitalismo em vários países e a independência das colônias foram as maiores delas.

As direções stalinistas foram forçadas pela ação das massas a ir mais longe do pretendiam e elas expropriaram a burguesia nesses países. Por esse motivo, as revoluções, ao invés de enfraquecer, fortaleceram o aparato stalinista, que ganhou uma dimensão internacional inédita, ao dirigir Estados Operários que cobriam um terço da humanidade.

Isso limitou o espaço político para o crescimento da IV Internacional, pelas renovadas expectativas da vanguarda ao redor das direções stalinistas. Por outro lado, a debilidade da direção da IV Internacional após a morte de seu principal dirigente foi a base para inúmeras crises.

As frágeis direções da IV Internacional capitularam a praticamente todas as correntes pequeno-burguesas e burocráticas que dirigiram grandes mobilizações e revoluções, como o maoísmo, o castrismo, o guevarismo, o sandinismo, entre outras. Essa foi a razão principal para a dispersão da IV Internacional na década de 50.

A direção de Pablo
Realizado em 1951, o terceiro congresso da IV Internacional discutiu o documento de seu dirigente Michel Pablo. Nele se previa uma nova guerra mundial do imperialismo contra a URSS. Em função da guerra, os Estados Operários dirigidos pelas burocracias stalinistas se tornariam aliados na mobilização revolucionária das massas. Os partidos comunistas seriam, portanto, as vanguardas das lutas por dezenas de anos. Assim, a única alternativa para os revolucionários era ingressar nesses partidos. Mas essa tática entrista era distinta da proposta de Trotsky nos partidos social-democratas na década de 30, que defendia a entrada das organizações trotskistas na social-democracia por um período curto para combater as posições de sua direção e ganhar um setor revolucionário para uma posterior ruptura. Pablo defendia um “entrismo” para aconselhar os partidos comunistas até a luta pelo poder.

Segundo Pablo, “a realidade social objetiva, para nosso movimento, está composta essencialmente do regime capitalista e do mundo stalinista. Quer se queira ou não, esses dois elementos constituem, simplesmente, a realidade objetiva, já que a aplastrante maioria das forças opostas ao capitalismo se acha atualmente dirigida ou influída pela burocracia soviética.”
Assim, a luta de classes é substituída pela luta entre dois campos (imperialista e stalinista) e a IV Internacional teria que optar por um deles, apoiando criticamente os partidos stalinistas. Essa se tornou a política oficial da IV Internacional e fez com que esta entrasse em crise.

As posições de Pablo refletiam a pressão do aparato stalinista fortalecido no pós-guerra. Os desvios oportunistas, porém, não foram os únicos no movimento trotskista. O Programa de Transição também alerta sobre os desvios sectários:
“Sob a influência da traição das organizações do proletariado, nascem ou se regeneram na periferia da IV Internacional, grupos e posições sectárias de diferentes gêneros. Possuem em comum a recusa de lutar pelas reivindicações transitórias, isso é, pelos interesses e necessidades elementares das massas, tais como elas se apresentam. (…) A maioria dos grupos e grupelhos sectários desse gênero, que se alimentam das migalhas caídas da mesa da IV Internacional, levam uma existência organizativa ‘independente’, com grandes pretensões, mas sem a menor chance de sucesso (…). Aquele que não procura nem encontra o caminho do movimento de massas não é um combatente, mas um peso morto para o partido”.

Muitas vezes se confunde esse tipo de seita com as organizações pequenas, o que é um erro. Existem organizações pequenas e grandes, sadias ou sectárias. As seitas se caracterizam por não buscar o movimento de massas e a luta contra a burguesia, o governo e as direções reformistas, e sim o parasitismo de outras organizações revolucionárias, que escolhem como seu inimigo fundamental. A LER no Brasil é um exemplo dessas seitas. Utilizam com freqüência o método stalinista da calúnia para atacar seus oponentes, sem nenhum compromisso com a verdade. Grupos como o PCO e a LBI no Brasil têm essa prática.

Foi contra esses desvios que se construiu a corrente trotskista ortodoxa fundada por Nahuel Moreno. Nascida como Grupo Obrero Marxista, na Argentina, em 1944, essa corrente parte de uma postura internacionalista. Isso levou à luta pela reconstrução da IV Internacional que, mesmo após sua dispersão, sempre buscou criar alternativas centralizadas de direção internacional, à constituição do SLATO (Secretariado Latino Americano do Trotskismo Ortodoxo), da Fração Bolchevique e, agora, da LIT (Liga Internacional dos Trabalhadores).

Essa corrente internacionalista tem características particulares em relação às outras de origem trotskista. Em primeiro lugar, se dispôs desde seu nascimento a uma inserção no movimento operário, rompendo com a tradição intelectual boêmia do trotskismo argentino. Isso se expressa em partidos que buscam o caminho do movimento de massas, disputam a direção das lutas concretas, recusam a marginalidade e negam o papel de seitas afastadas da realidade.

Outra característica central da corrente é a afirmação do programa revolucionário contra as direções burguesas e burocráticas, como o stalinismo, o castrismo, etc. Hoje, a LIT está à frente das lutas dos trabalhadores não só contra o imperialismo e a burguesia em geral, mas também contra os governos de frente popular (como Lula, Evo Morales e Tabaré Vasquez) e nacionalistas, como Hugo Chávez.

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