A cúpula do Fórum Social Mundial quer a todo custo disciplinar as manifestações de rua que ocorrerão no evento. Uma expressão desta política foi o veto da cúpula do FSM à presença de Fidel Castro no evento. Não custa lembrar que o outro lado da moeda deste veto é a atitude parcimoniosa com a vinda de alguns ministros do gabinete de Leonel Jospin, premier francês, que apoiou a ação militar sobre o Afeganistão.
Ignacio Ramonet, do Ação pela Tributação das Transações Financeiras de Apoio aos Cidadãos (ATTAC) e do jornal francês Le Monde Diplomatique, no documento ‘Como se calunia o Attac – e por quê’ – argumentou que ‘sua presença (a de Fidel) poderia ser contra-producente para a luta contra o neoliberalismo e para Cuba’. Segundo o ATTAC brasileiro: ‘O residente de Cuba só não virá se avaliar (…) que o não comparecimento é o melhor para o seu país, suas batalhas e seus sonhos’.
Independente do papel de Fidel Castro como protagonista da restauração do capitalismo em Cuba, é preciso reconhecer que o governo cubano patrocinou a reunião de Havana, que deu o pontapé inicial a campanha do plebiscito sobre a Alca em toda a América Latina.
O que motiva este veto à vinda do presidente cubano ao Fórum Social não é uma posição contrária à restauração do capitalismo ou a defesa das liberdades democráticas na Ilha, mas o mesmo espírito que teme que as manifestações de rua do evento, em particular a que se realizará contra a Alca, sejam contaminadas pelos ‘panelaços’ argentinos.
Nesse aspecto concordamos com a crítica feita pelo militante petista Gilberto Maringoni, em sua ‘Crítica à resposta coletiva do ATTAC brasileiro’: ‘No fundo, esta polêmica encobre algo mais sério: a disputa sobre os rumos do Fórum. De um lado, há aqueles que advogam que o evento deva ser apenas um espaço´para manifestações de todo o tipo. De outro, os que defendem um Fórum que se encaminhe para o delineamento de políticas unitárias contra o capitalismo global. Em síntese, se outro mundo é possível´, é hora de se começar a ver que mundo será esse’.
O PSTU reivindica a unidade de ação com todos aqueles que estejam dispostos a realizar uma grande campanha continental contra a implementação da Alca, inclusive com Fidel Castro, o que não significa comprometer nossa independência política e liberdade de crítica.
Post author Euclides de Agrela, da redação
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