Trabalhadores reagem contra ataques aos direitosO velho continente está sendo duramente atingido pela crise. Os governos, sejam os de direita sejam os ditos de esquerda, despejaram trilhões no sistema financeiro para salvar os bancos. Além disso, pretendem retomar a velha agenda neoliberal da União Européia e eliminar direitos históricos dos trabalhadores.
Espanha: fim do milagre
Os 14 anos de prosperidade espanhola já fazem parte do passado. O país está sendo duramente atingido pela crise. A própria Comissão Européia reconheceu que, neste ano, a economia espanhola entrará em recessão que se prolongará no ano que vem.
O milagre espanhol foi um dos exemplos mais destacados da onda especulativa que viveu nestes anos o capitalismo mundial. Nos últimos anos, a economia foi marcada por um “boom” imobiliário. A combinação entre a profundidade da crise mundial e a fragilidade da economia espanhola (endividamento, déficit exterior recorde etc.) não oferece dúvida sobre a envergadura dos ataques que vêm aí.
A crise das hipotecas e a carestia da vida corroem os salários raquíticos. Cerca de 40% dos assalariados recebem menos de 1.000 Euros ao mês. Em setores como o comércio, hotelaria ou limpeza, mal ganham 800 euros por mês. Em um ano, a cifra oficial de desempregados aumentou meio milhão (chegando, em julho, a 2,5 milhões).
Na primeira fase, o desemprego concentrou-se na construção, afetando em particular os trabalhadores imigrantes. Os jovens que estão em busca do primeiro emprego não encontram trabalho.
O desemprego na construção vai seguir aumentando conforme as obras vão terminando. São poucos os locais de trabalho onde não há atrasos no pagamento de salários ou fechamentos de pequenas empresas. Segundo as Caixas de Poupança, o desemprego chegará a 16% em 2010, isto é, 3,8 milhões de pessoas.
Velha agenda
A burguesia européia pretende fazer que os trabalhadores paguem pela crise. Para isso, mesmo antes de estourar a crise, tentaram recuperar a agenda neoliberal da União Européia (UE). O principal ataque previsto é a chamada “Diretiva de 65 horas” pretende impor aos trabalhadores um retrocesso histórico, aumentando a jornada de trabalho para os níveis do século XIX, com jornadas de 10 a 12 horas por dia e seis dias de trabalho por semana.
Enquanto ela está sendo discutida no Parlamento Europeu, os trabalhadores já estão começaram a resistir. No início de outubro mais de três mil marcharam em Barcelona contra esse ataque, sob o lema “Não às 65 horas da UE, sim às 35 horas. Que os ricos paguem pela crise”. Outra importante luta se desenvolve na montadora Nissan de Barcelona que deseja demitir 1.680 trabalhadores (na realidade 7 mil, pois o corte chega às indústrias auxiliares).
Paralisação
Na Bélgica, os trabalhadores também se levantam contra os patrões. Uma onda de greves e manifestações vêm se produzindo desde princípios do ano. Neste mês, as centrais sindicais convocaram um “dia de ação”. A iniciativa foi uma resposta ao alto custo de vida e as declarações da patronal em aumentar na semana de trabalho de 38 para 48 horas. Os empresários também são favoráveis à eliminação da escala móvel salarial e dizem que não haverá aumento salarial.
Ainda que a recessão ainda não seja oficial, a economia real do país começou a sentir os efeitos. Só no norte do país, a zona “mais rica e dinâmica” de Bélgica, foram eliminados, desde 1º de outubro, 2.200 empregos. No total, perderam-se 5 mil postos de trabalho e os empresários anunciaram mais 70 mil demissões para o próximo ano.
Estudantes junto com imigrantes
Na Itália, milhares de estudantes e professores protestaram em 16 de outubro nas principais cidades do país contra o pacote de medidas para a educação do governo de Silvio Berlusconi. O projeto prevê demissões e diminuição de fundos ao setor. O decreto prevê ainda cortar 8 milhões de euros e demissões.
O governo italiano estuda, também, a implementação de um sistema de acesso à escola só para os alunos imigrantes, mediante um teste de rendimento e classes diferentes. A medida é mais um claro ataque do governo aos imigrantes do país. Por outro lado, a luta dos estudantes segue com força. Berlusconi já ameaçou reprimi-la.
Protestos na Grécia
Na Grécia, milhares se manifestaram no centro de Atenas contra o projeto orçamental 2009, que será debatido pelo Parlamento nesta semana. O protesto também é contra as medidas de arrecadação de impostos e privatizações de empresas, como o caso da Olympic Airlines.
Os sindicatos disseram que milhões de pessoas participaram na greve, enquanto os manifestantes se dirigiram para o Parlamento, paralisando o tráfico; tocando tambores e gritando “Não se aprovará!”.
O ministro de Finanças, George Alogoskoufis, disse que Grécia está preparada para um pacote de 28 bilhões de euros para salvar seus bancos.
Com agências