Obama em entrevista coletiva de balanço de seu governo

Alta do desemprego faz aprovação do novo presidente cair abaixo de BushNem mesmo o carisma do novo presidente dos EUA, Barack Obama, é suficiente para manter sua popularidade diante da mais grave crise econômica desde 1929. Pesquisa do Instituto Gallup divulgada essa semana mostra que a aprovação do presidente caiu de 68% no período de sua posse, para 58%. Uma queda significativa de 10%.

Ao mesmo tempo, a insatisfação ao seu governo subiu de 12% para 36%. A aprovação de Obama no sexto mês de seu mandato está em 55%, mais baixa que no mesmo período do primeiro mandato de Bush, quando o presidente que levou o país à guerra somava 56%. A pesquisa, realizada entre os dias 17 e 19 de julho e publicada no dia 21 pelo US Today, aponta o desemprego como o principal problema indicado pelos americanos.

Nos estados mais atingidos pelo desemprego, como Ohio e Virgínia, o nível de aprovação de Obama cai abaixo dos 50%. Contrastando com o crescente otimismo e o anúncio de que a recessão já estaria perto do fim, a média nacional do desemprego bate os 9,5%, maior taxa em 26 anos.

O próprio Federal Reserve, o banco central norte-americano, ao mesmo tempo em que eleva as projeções do PIB para 2009, agora acha que vai cair “apenas 1,5%”, afirma que a taxa de desemprego vai subir ainda mais este ano, ultrapassando os 10%. O banco projeta taxa de desemprego entre 9,8% e 10,1% para o quarto trimestre.

Plano desastroso
O desemprego e a queda na popularidade de Obama revelam o desastre da política econômica que privilegia o sistema financeiro e as grandes empresas. Em fevereiro, Obama aprovou seu plano de estímulo de 787 bilhões de dólares que apenas evitou uma quebradeira nos bancos, mas que não beneficiou a população ou os trabalhadores, que continuaram amargando o desemprego e a pressão para a redução nos salários e direitos.

Em seu lançamento, Obama afirmava que o plano criaria 600 mil empregos até setembro. No entanto, nos primeiros seis meses, 2 milhões de postos de trabalho sumiram. Até mesmo no caso da GM, onde o Estado interveio diretamente, estatizando na prática o que foi a maior montadora do mundo, o governo pressiona para uma completa reestruturação a fim de reduzir o número de funcionários, assim como os salários e os gastos com planos de saúde dos trabalhadores.

“Herança maldita”
O discurso de balanço de Obama sobre seu primeiro semestre à frente da maior potência do mundo foi o fiel retrato de seu governo. Num auditório repleto de cadeiras vazias, o horário do discurso foi adiantado para que sua transmissão pela TV não batesse com o show da britânica Susan Boyle, hit na web. Obama, ao melhor estilo Lula, culpou a herança maldita herdada do governo Bush para justificar a situação na economia.

A cartada de Obama para reverter a situação no país, agora, é o seu plano para a Saúde que, segundo ele, vai salvar os EUA da crise. O plano prevê 1 trilhão para a criação de um sistema público de Saúde no país, num período de quatro anos. Além de representar apenas uma ínfima fração de tudo o que foi gasto até agora para salvar o sistema financeiro, não é certo que ele seja aprovado no Congresso, pois nem mesmo o partido democrata está fechado no apoio ao programa.