O dia 8 de março é considerado o Dia Internacional da Mulher em homenagem à luta de 129 operárias norte-americanas do setor têxtil, que foram assassinadas pelo patrão por reivindicarem melhores condições de trabalho e salários. Isto aconteceu em 1857, mas a disposição de luta destas heroínas continua a ser seguida pelas mulheres que estão indo às ruas lutar contra as reformas neoliberais do governo Lula; pelas palestinas e iraquianas que lutam contra governos imperialistas e fascistas; pelas mulheres das cidades que lutam por moradia e as do campo, que lutam pela terra.

Esta luta também continua viva porque, infelizmente, a violência sofrida pelas mulheres no capitalismo continua manifestando-se de inúmeras formas e ocorre em todos os espaços. A cada quatro minutos acontece uma agressão física, praticada geralmente pelo homem com quem vive ou viveu. Mas a violência doméstica não é a única forma de agressão ou causa de morte entre as mulheres.

Lula aplica a política violenta do FMI

O governo Lula — obedecendo às ordens do FMI — está atacando os trabalhadores em geral. E as mulheres são ainda mais atingidas com essa política. Das 2,4 milhões de pessoas que procuravam emprego em janeiro, 54% eram mulheres. O rendimento médio das mulheres tem sido cerca de 35% inferior ao dos homens, sendo que, na indústria, 69% das mulheres ganham até três salários mínimos, enquanto que os homens no mesmo patamar correspondiam a 45%. De todas as pessoas que recebem o mínimo, 53% são mulheres e 2,6 milhões de mulheres da área rural recebiam até um salário mínimo. Quando adicionamos raça na discussão, as desigualdades só crescem: mulheres negras recebem 55% menos do que as mulheres não negras e, em 1998, eram 56% das empregadas domésticas.

Com a Alca a situação vai piorar

O governo Lula continua firme negociando a entrada na Alca (Área de Livre Comércio das Américas) em 2005. Um acordo que, se firmado, significará a destruição da indústria nacional, a elevação do desemprego, a redução de salários e direitos, privatização da Educação e da Saúde, etc. É isto que Lula está tentando antecipar com as “reformas” Previdenciária, Tributária, Sindical, Universitária e Trabalhista. Estas políticas, irão afetar todos os trabalhadores, e as mulheres em particular.

Se pegarmos como exemplo o México, onde já foi assinado um acordo semelhante com os Estados Unidos e o Canadá — o NAFTA —, podemos verificar como isso nos afetará. Lá, nas chamadas maquiladoras, as mulheres trabalham 12 horas sem o pagamento das horas extras. Segundo entidades feministas mexicanas, no processo de admissão, a maioria das fábricas exige certificado médico de que ela não está grávida e, para não pagar a licença maternidade, algumas empresas distribuem uma pílula que proporciona menstruações mensais e, em muitas delas, as mulheres são forçadas a mostrar seu absorvente higiênico sujo para provar que não estão grávidas.
Aqui, caso a Alca se concretize, iremos viver uma situação semelhante, intensificando ainda mais o grau de exploração associado ao machismo.

A violência do dia-a-dia

Os horrores sofridos pelas mulheres continuam quando o assunto é sexualidade. A prática da mutilação feminina (amputação do clitóris), já aleijou 114 milhões de mulheres em todo o mundo. Assim como a AIDS, no Brasil, tem se expandido mais amplamente entre mulheres jovens, com menor poder aquisitivo e menos acesso às informações e serviços em geral.

A prática do aborto é condenada no Brasil e em quase todos os países da América Latina. No caso do Brasil, 98% dos casos de mortalidade materna poderiam ser evitadas se houvesse acesso aos serviços de saúde no período da gestação e atendimento na hora do parto. Ou seja, ao mesmo tempo em que condena milhares de mulheres à morte, sem direito de decidir sobre seu próprio corpo, o capitalismo não garante as condições para que as mulheres que desejam sejam mães. Essas mulheres não têm direito a creches, habitação, empregos e salários descentes para criar seus filhos.

E, quando essas mulheres amam outras mulheres, são tratadas com violência, intolerância, ignorância e machismo.

Diante de todas estas formas de violência cometidas pelo sistema capitalista, as mulheres nunca deixaram de lutar. Por isso, no 8 de março, estaremos nas ruas por:

* Emprego, salário, terra e moradia
* Que Lula rompa com a Alca e o FMI
* Não ao pagamento das dívidas interna e externa para: dobrar o salário mínimo já, rumo ao salário do DIEESE
* Reduzir a jornada de trabalho, sem reduzir o salário
* Reforma agrária sob o controle dos trabalhadores sem-terra
* Construção de lavanderias e restaurantes públicos
* Construção de creches nos locais de trabalho, moradia e escolas
* Legalizar o aborto
* Construir casas abrigo para mulheres vítimas de violência
* Saúde e Educação pública, gratuita e de boa qualidade.
* Não às reformas neoliberais
Post author Ana Minutti,
da Secretaria Nacional de Mulheres do PSTU
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