Redação

A manobra realizada pelo governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) para pôr fim à mobilização dos metroviários acabou tendo um efeito contrário. O governo mentiu aos metroviários e à população afirmando aceitar a proposta realizada pela categoria de liberar as catracas aos usuários em alternativa à paralisação do metrô, mas, ao mesmo tempo, buscava barrar essa iniciativa na Justiça.

A greve havia sido deflagrada às 0h desta quinta-feira, 23, e, quando os metroviários perceberam a tentativa de Tarcísio de enganá-los, foram tomados por uma onda de indignação e revolta. Isso acabou por fortalecer ainda mais o movimento. Já a intransigência do governo de São Paulo e a sua tentativa de atacar os trabalhadores do Metrô acabaram penalizando a população, que não pôde utilizar o transporte, como defendia o sindicato. Isso porque, ainda pela manhã, atendendo ao governo, o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) determinou a proibição da abertura das catracas.

À medida em que a população se aglutinava nas estações esperando a abertura das catracas, a diretoria do Metrô ia à imprensa dizer que as unidades estavam fechadas porque os metroviários não haviam voltado a seus postos de trabalho. Os trabalhadores, porém, já estavam a postos há horas.

“Das 9h às 13h, ficaram rodando trem, sem levar usuário, sem arrecadar 1 real, sem deixar usuário entrar, só para não deixar a catraca livre, foi isso o que esse governo fez hoje“, denunciou o vice-presidente do Sindicato dos Metroviários e dirigente do PSTU-SP, Narciso Soares. “Esse governo é um irresponsável com a população, com os trabalhadores, mas a gente não, a gente presta um serviço todos os dias, dedicamos nosso trabalho à população, brigamos todos os dias para ter transporte seguro e de qualidade, para não ter trem descarrilhando como tem na CCR (concessionária privada que gere a Linha Lilás), pra quem ele dá muito dinheiro“, reafirmou.

Metroviários fazem assembleia para decidir rumos da greve Foto Martim Toledo

Com o impasse, a greve continuou durante todo o dia. No final da tarde, ocorreu uma audiência de conciliação no TRT, onde o Ministério Público do Trabalho (MPT) apresentou uma contraproposta às reivindicações dos metroviários. Na assembleia realizada na noite desta quinta na sede do sindicato, a categoria aprovou a proposta apresentada pelo MPT, mesmo sendo abaixo do que reivindicavam, e esperou uma resposta do governo Tarcísio, que se manteve irredutível.

Só com o que o metrô perdeu nesse dia, já dava pra fazer uma proposta para os trabalhadores, mas ele prefere ver o povo no sufoco e sem dar nada aos metroviários, que queriam estar agora trabalhando“, afirmou Narcísio.

O governo não respondeu sequer à proposta realizada pelo MPT e a categoria aprovou a continuidade da greve nesta sexta-feira. A proporção dos votos favoráveis à greve mostrou o grau de indignação da categoria: 91% votaram pela paralisação. Para se ter uma ideia, a greve havia sido deliberada por 51% na noite anterior.

Agora, é necessário cercar de solidariedade a greve dos metroviários. Vá as redes sociais e expresse seu apoio a essa justa luta em defesa dos trabalhadores e do transporte público da população de São Paulo

Justiça reverte proibição da catraca livre

Na noite desta quinta-feira, uma decisão da Justiça cassou o mandado de segurança pedido pelo governo de São Paulo para impedir a abertura das catracas. A juíza do TRT, Eliane Aparecida da Silva Pedroso, afirmou que o mandado de segurança contra a abertura das catracas havia sido expedido contra uma decisão do próprio governo (que chegou a anunciar em suas redes sociais a abertura das catracas), provocando prejuízo ao erário, além de expor trabalhadores e a população a risco.

A juíza determinou ainda multa de R$ 100 mil por conta da conduta antissindical por parte do Metrô.

Leia aqui a decisão do TRT

ATUALIZAÇÃO ÀS 03h30: Após intensa mobilização, o Metrô acaba de enviar uma proposta aos metroviários em greve. Foi a primeira proposta oficial de acordo desde o início das mobilizações: abono de R$ 2 mil, abertura de negociação sobre a PR (Participação nos Resultados) de 2023 e nenhuma retaliação aos grevistas.

A categoria deve se reunir logo mais, às 7h, para discutir a proposta e deliberar sobre os próximos passos.