Em meio à crise, toma posse o novo presidente da maior potência imperialista do planetaBarack Obama é o novo ocupante da Casa Branca. A expectativa de mudanças com o primeiro presidente negro da história dos Estados Unidos se refletiu na presença de milhões de pessoas nas ruas da capital norte-americana. Muitos são imigrantes, negros, pobres, idosos, sem-saúde e da classe média pauperizada que votaram em massa nos democratas. Mundo afora, outros milhões de pessoas igualmente acompanhavam pela TV a cerimônia de posse. Especialmente o povo árabe que anseia pelo fim das criminosas investidas militares do imperialismo ianque e seu aliado Israel.

No entanto, as mudanças de Obama ainda são apenas palavras. Não existe e não houve nenhuma indicação concreta de que ocorrerão grande mudanças. Pelo contrário.

Guerra até quando?
“Estamos prontos para liderar mais uma vez”. Essa foi uma das principais frases do discurso de Brack Obama durante sua posse em Washington. A frase indica que a suposta vocação do “América”, o controle imperial sobre o planeta, está presente também no ideário do novo presidente.

Apesar de ser eleito com a promessa de que iria terminar com a guerra do Iraque, a nova administração pretende envolver a retirada das tropas num confuso emaranhado de prazos. Um deles é previsto pelo acordo fechado entre EUA e Iraque, cujo plano é retirar as forças de combate das cidades iraquianas até 30 de junho de 2009. Mas a retirada total das tropas somente está prevista para dezembro de 2011. Ou seja, quase no final do mandato do novo presidente.

Até lá os planejadores militares já admitem que muitos soldados permanecerão no país exercendo funções rebatizadas como treinadores ou assessores. Isto é, continuarão participando dos combates, mas serão chamados por outra coisa.

Tentando justificar a suposta redefinição do papel militar dos EUA no Iraque, John A. Nagl, um dos autores do novo manual de contrainsurgência do exército norte-americano, declarou ao New York Times: “treinadores podem ser alvos de disparos as vezes têm que atirar de volta”.

Como se o atoleiro iraquiano não fosse suficiente, Obama pretende ainda enviar mais soldados ao Afeganistão – guerra considerada justa pelo presidente.

Salvar o capitalismo
“Não podemos adiar decisões desagradáveis… O momento é de sacudir a poeira e reconstruir a América”, disse também Obama prometendo salvar o capitalismo.

O novo presidente assume em meio a uma das maiores crises da história do capitalismo norte-americano. O desemprego, o maior dos últimos 15 anos, já chega a 7,4%. A economia está em recessão. A dívida pública já atingiu US$ 20 trilhões, o déficit público US$ 1,2 trilhão equivale a 10% do PIB e o déficit comercial bate os US$ 500 bilhões. Até agora o governo dos EUA injetou US$ 7,4 trilhões na economia. No total 257 bancos foram socorridos, alguns nacionalizados na prática, sendo que os sete maiores receberam 60% dos US$ 350 bilhões. Recentemente o governo teve que injetar mais 117 bilhões de dólares no Bank of America, maior banco do país.

O desemprego vai aumentar ainda mais e as promessas de Obama em criar de 3 a 4 milhões de novas vagas estão muito longe da realidade. Muitos tinham a expectativa de que Obama pusesse colocar em marcha um New Deal ou a instauração de uma era de regulação da economia, como opção ao modelo neoliberal. Mas a equipe econômica nomeada pelo novo presidente é composta por velhos e conhecidos burocratas neoliberais.

Para secretário do Tesouro, Obama indicou Timothy Geithner, presidente do Federal Reserve de Nova York, e um dos principais criadores do plano de resgate dos bancos.

Outra personalidade nomeada é Lawrence Summers, novo diretor do Conselho Econômico Nacional da Casa Branca. Summers foi economista chefe do Banco Mundial, aquela mesma instituição que recomendava privatizações, terceirizações e enxugamento da máquina do Estado. Alguém acredita que esses senhores encabeçarão um novo New Deal? Ou de que seu objetivo será de baratear os braços dos trabalhadores norte-americanos, com redução de direitos e flexibilizações, para que a indústria do país torne-se mais competitiva?

O desafio de Obama será o de conter uma explosão social nos EUA devido a crise. É essa a expectativa que a burguesia do país e sua imprensa têm sobre o presidente da mudança. Seu perfil causa confusão e atrai a simpatia de milhões para adormecer qualquer reação.

A posse de Obama não muda o fato de que os EUA continuam a ser a principal potência capitalista, responsável pela exploração dos povos de todo o mundo.